Cavaco Silva e o próximo Governo Constitucional (XXI)

Quando da posse ao seu amado governo, depois da raiva do discurso contra a esquerda, em geral, e o PS, em particular, acabou por afirmar que, a partir daí, o futuro do governo cabia à AR. Aliás, tinha sido legítima a indigitação de Passos Coelho.

Dizendo o óbvio, parecia um estadista. Os deputados, apesar da chantagem usada e do aliciamento tentado, honraram a ética e a Constituição, este toucinho que os talibãs da direita não deglutem.

Quando se esperava que a lógica constitucional, o interesse nacional e a decência cívica, o apressassem a indigitar António Costa, decidiu adiar, chamando a Belém 28 figuras da direita, 2 do centro e 1 da esquerda para arranjar ‘um 31’ ao País, sabendo que agravava a situação que criou ao adiar para tão tarde as eleições.

Belém pareceu uma casa de alterne, com cavalheiros, a entrar e a sair, a ‘cagarrarem’ à comunicação social os mesmos pensamentos profundos que a meditação das Selvagens sedimentou no venerando chefe do Estado.

Cavaco, na obstinada campanha de propaganda contra a esquerda, invocou que já tinha empossado um governo minoritário do PS, sem dizer este que tinha mais deputados do que toda a direita junta nem da sua satisfação com a queda. Invocou a falta de urgência alegando os meses em que ele próprio esteve, como PM, em gestão, sem dizer que tinha eleições antecipadas marcadas  e um programa e Orçamento aprovados.

Cavaco e a verdade percorrem linhas paralelas. Por mais que se prolonguem nunca se encontram.

É cedo para inventariar os prejuízos mas não para julgar o comportamento insólito do PR, em estado terminal, convencido de estar dentro de prazo de validade, sem avaliar os danos por que responderá no pelourinho da opinião pública, preferindo dificultar a vida do futuro governo a demarcar-se da pior direita do regime democrático.

Comentários

Bmonteiro disse…
Ai se Sexa puder/sse.
Manobra de retardamento, que 'eu' nada tenho a ver com esta gente;
Adia e volta a adiar...um pouco de esforço e ainda 'consigo' uma coisa:
a)Se Mr Costa vier com um acordo/têxto em conformidade...uns dias para análise.
Se não, sai um governo de gestão!
Se sim...uma semana mais para nomeação formal; se possível...uma semana mais para tomada de posse.
b)Objectivo desejável: um OE 2016, aprovado com Sexa já fora do Palácio.
Nada a ver com esta gente/alha.
PS: a inexistência de uma Acordo comum a Três, não deixa de a isso bem ajudar, com aquilo a que chamo o Governo dos Quatro Acordos.
Uma oportunidade de oiro a perder pelo novo poder, PS & Cia.
A bem do Regime.
e-pá! disse…
Cavaco e o intransigente apego ao cumprimento dos compromissos internacionais (e os europeus também estão incluídos neste rol) contrasta gritantemente com a esfíngica postura cá dentro, quando - durante 4 anos - assistiu impávido (ou cúmplice) ao rasgar diário do pacto social, que deveria ser protegido, enquanto pilar do regime democrático e fator de coesão nacional.

Adotamos frequentemente este comportamento atávico:
Muito serviçais e venerandos para os estranhos e em casa 'porrada de criar bicho'...
Todavia, já deu para perceber que, enquanto formos 'assim', não vamos levantar cabeça.
Agostinho disse…
A esta hora está a ensaiar a modulação de voz para na despedida proferir as máximas por que ficará conhecido, pela opereta em três actos, a Cagarra e Eu:
1.º - eu nunca me engano e raramente tenho dúvidas!
2.º - para serem mais honestos que eu têm de nascer duas vezes!
3.º - eu bem avisei!
e-pá! Há um dichote popular para esses casos
"Lampião na rua, escuridão em casa"!
Não tens nada que agradecer e um abraço Calá-lo hoje seria fariseísmo!!

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