Adriano Moreira, o CDS e o Conselho de Estado
Esta direita está a reescrever a História da democracia e, na pressa, tropeça nos próprios esqueletos. A grande golpada foi a tentativa de festejar este ano, pela primeira vez, o 25 de novembro, ao arrepio dos atores, como se tivesse intervindo no processo cuja cadeia de comando começou em Costa Gomes, sucedido por Vasco Lourenço, Ramalho Eanes e Jaime Neves, os operacionais, sendo o “grupo dos 9” ideólogo e responsável político.
Esta direita, na sua ingratidão e raiva, já esqueceu o ódio que devotou a Melo Antunes e Vítor Alves bem como aos sobreviventes do «Grupo dos 9», democratas e patriotas.
Agora é a eleição de Adriano Moreira para o Conselho de Estado, modelo de democrata e patriota, segundo o proponente e autor dos epítetos, Paulo Portas. A idade do ancião não exige o apagamento do passado, desencardido pela escolha do PSD & CDS.
Adriano Moreira que, em 2009, considerou Salazar o maior estadista do século XX, foi seu secretário de Estado e ministro do Ultramar. A idade e a inteligência levaram-no a conformar-se com a democracia mas foi ele que, como Ministro do Ultramar, nomeou, no início da guerra colonial, Venâncio Deslandes governador-geral e comandante-chefe das Forças Armadas em Angola e que o demitiria na sequência de um discurso ambíguo cujas explicações não o convenceram ou não lhe foram dadas.
Adriano Moreira foi responsável pela maior violência e, quiçá, pela utilização de meios condenáveis na repressão com que o exército de ocupação respondeu à crueza dos atos terroristas, injustos e gratuitos, com que nacionalistas angolanos iniciaram a guerra de libertação de Angola.
Quem louva Adriano Moreira silencia que foi presidente do CDS e se manteve militante na expulsão da Internacional Democrata Cristã, por ser antieuropeísta e duvidosamente democrático.
Adriano Moreira (AM) foi, é e será sempre o reacionário que a democracia reabilitou. Concedeu-lhe comendas, o cume da carreira académica e cargos do Estado (deputado, vice-presidente da AR). Foi o ministro fascista que reativou o Campo do Tarrafal em 1961, Campo de Trabalho do Chão Bom, para prisioneiros oriundos das colónias. Ali sofreram a tortura e o degredo numerosos patriotas dos futuros PALOPs, incluindo o escritor luso-angolano, Luandino Vieira, nascido em Vila Nova de Ourém. Em 21 de maio de 1965, achando-se Luandino aí preso, há quatro anos, a Sociedade Portuguesa de Escritores atribuiu-lhe o Grande Prémio de Novela pela sua obra Luuanda. Quem tem memória sabe como a Pide agrediu os membros do júri e o regime suspendeu, durante meses, o Jornal do Fundão por se recusar a chamar-lhe terrorista, ao noticiar o prémio.
Continua convencido de que o frio torcionário, Salazar, foi o maior estadista do século XX, tal como Paulo Portas ou Cavaco Silva o julgam democrata. À sua imagem.
Adriano Moreira é o Conselheiro de Estado do agrado desta direita e, quiçá, do ainda PR mas jamais será uma referência ética, democrática ou patriótica. É apenas o fascista inteligente, culto e longevo de um país sem memória nem vergonha.
Esta direita, na sua ingratidão e raiva, já esqueceu o ódio que devotou a Melo Antunes e Vítor Alves bem como aos sobreviventes do «Grupo dos 9», democratas e patriotas.
Agora é a eleição de Adriano Moreira para o Conselho de Estado, modelo de democrata e patriota, segundo o proponente e autor dos epítetos, Paulo Portas. A idade do ancião não exige o apagamento do passado, desencardido pela escolha do PSD & CDS.
Adriano Moreira que, em 2009, considerou Salazar o maior estadista do século XX, foi seu secretário de Estado e ministro do Ultramar. A idade e a inteligência levaram-no a conformar-se com a democracia mas foi ele que, como Ministro do Ultramar, nomeou, no início da guerra colonial, Venâncio Deslandes governador-geral e comandante-chefe das Forças Armadas em Angola e que o demitiria na sequência de um discurso ambíguo cujas explicações não o convenceram ou não lhe foram dadas.
Adriano Moreira foi responsável pela maior violência e, quiçá, pela utilização de meios condenáveis na repressão com que o exército de ocupação respondeu à crueza dos atos terroristas, injustos e gratuitos, com que nacionalistas angolanos iniciaram a guerra de libertação de Angola.
Quem louva Adriano Moreira silencia que foi presidente do CDS e se manteve militante na expulsão da Internacional Democrata Cristã, por ser antieuropeísta e duvidosamente democrático.
Adriano Moreira (AM) foi, é e será sempre o reacionário que a democracia reabilitou. Concedeu-lhe comendas, o cume da carreira académica e cargos do Estado (deputado, vice-presidente da AR). Foi o ministro fascista que reativou o Campo do Tarrafal em 1961, Campo de Trabalho do Chão Bom, para prisioneiros oriundos das colónias. Ali sofreram a tortura e o degredo numerosos patriotas dos futuros PALOPs, incluindo o escritor luso-angolano, Luandino Vieira, nascido em Vila Nova de Ourém. Em 21 de maio de 1965, achando-se Luandino aí preso, há quatro anos, a Sociedade Portuguesa de Escritores atribuiu-lhe o Grande Prémio de Novela pela sua obra Luuanda. Quem tem memória sabe como a Pide agrediu os membros do júri e o regime suspendeu, durante meses, o Jornal do Fundão por se recusar a chamar-lhe terrorista, ao noticiar o prémio.
Continua convencido de que o frio torcionário, Salazar, foi o maior estadista do século XX, tal como Paulo Portas ou Cavaco Silva o julgam democrata. À sua imagem.
Adriano Moreira é o Conselheiro de Estado do agrado desta direita e, quiçá, do ainda PR mas jamais será uma referência ética, democrática ou patriótica. É apenas o fascista inteligente, culto e longevo de um país sem memória nem vergonha.
Ponte Europa / Sorumbático
Comentários
Lá se digiram, ou dijiram, ou dirijam, ou o pirete que os aniquile!
Que isto de "falar bem" tem os seus quês!
Por outro lado, a tentativa de repescar, pelo regresso ao passado, os ditos "valores" (piedosamente humanistas) da (falecida) 'democracia-cristã' e o apetite para esgravatar fantasmas no baú da história, não passa de uma encapotada proposta de reescrever essa mesma história, branqueando-a.
Faz parte também da mais recente obsessão da Direita de um virtual posicionamento ao 'centro' que, não passando de uma artificial bissetriz (entre a Direita e a Esquerda), terá o intuito de que poder, em termos eleitorais, dar resultados (futuros). Isto é, habitual calculismo político da Direita em pleno desenvolvimento...