As próximas eleições presidenciais_11

A direita, esta direita que se radicalizou, esta direita que foi poder durante quatro anos e meio, com o prolongamento que Cavaco pateticamente quis transformar em legislatura, é a direita camaleónica capaz de se reinventar, como sucedeu na Madeira. A direita que se atolou e perdeu imensos quadros no BPN, BPP, BES e Banif é a que responsabiliza a esquerda, se esconde atrás do governador do BP, que reconduziu à sorrelfa, e ocultou a desesperada situação do Banif e os seis chumbos de Bruxelas às propostas do Governo.

A direita que concorre às eleições presidenciais não tem o candidato inculto e rural que desejava, um avatar do antecessor, tem uma edição assética no discurso, na gramática e nos negócios privados, claramente de direita, mas capaz de privar com adversários sem mostrar rancor, perder a compostura ou dizer enormidades.

A direita que um dia se lembrou de propor como candidato a PR um fascista, ex-diretor do Campo de S. Nicolau, onde se torturaram apoiantes dos movimentos de libertação de Angola, é a direita que vai votar em quem certamente preferiu Soares Carneiro a Eanes, a direita que, depois da derrota política do seu candidato, o reintegrou nas fileiras para o promover a CEMGFA, o mais alto posto militar, ofendendo os militares de Abril.

O candidato único da direita votou contra o SNS e defende-o agora com entusiasmo; quis criminalizar as mulheres que praticassem a IVG e defende agora a isenção da taxa moderadora; tinha por inadmissível o recurso e inaceitável o chumbo do T. C. ao OE – 2012, o que sucedeu, e agora negou, defendendo a decisão; denunciou ao último ditador os comunistas do Congresso de Aveiro (1973) e recentemente foi à Festa do Avante; no passado apoiou Cavaco, João Jardim e Passos Coelho, agora foge deles, envergonhado.

O Presidente do Conselho de Administração da Fundação da Casa de Bragança, que se associou às respetivas manifestações monárquicas e não vê como eticamente reprovável a sua candidatura a PR, é um académico que não preencheu ficha na pide, tinha acesso direto ao último ditador, estimado padrinho e político admirado.

É consolador ver os três Presidentes da República, eleitos democraticamente, apoiantes de Sampaio da Nóvoa, a decisão consciente dos que ocuparam o cargo com a dignidade que urge ver recuperada.

Há quem não vote em Sampaio da Nóvoa* porque o desconhece mas assusta pensar que haja quem vote em Marcelo, conhecendo-o.

Portugal pode, e deve, evitar a substituição de um salazarista por um marcelista.

*Declaração de interesse – Sou apoiante de Sampaio da Nóvoa.

Ponte Europa / Sorumbático

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