Marcelo e a ‘arte de pescar’ em todos os mares…

Edgar Silva candidato à Presidência da República apoiado pelo PCP no debate que travou com Marcelo Rebelo de Sousa acusou o professor de ser um “mestre na arte do engodo”. link.

O engodo é uma técnica muito utilizada em diversos tipos de pesca. Todavia, sendo Edgar Silva um cidadão originário da Madeira, pratica-se nessa ilha um tipo de pesca ilegal que recorre à ‘arte do engodo’. Trata-se da “pesca à bomba”.

A técnica é simples e envolve meios escassos. Engoda-se numa zona próxima do calhau e espera-se que se aproximem os cardumes. Na Madeira é muito utilizada na faina de engodar o peixe da costa uma variante de caranguejo pequeno, de apanha nocturna, denominada ‘jaca’.

Os peixes mais solícitos a esta técnica de engodo, quando efectuada junto ao calhau são o sargo e a salema. Uma vez reunidos e agrupados os peixes e estando na proximidade dos ‘engodadores’ é lançado sobre o cardume um engenho explosivo que provoca uma forte ‘onda de choque’, com uma intensa desvastação ambiental e que tem como consequência trazer à tona grandes quantidades de peixe aturdido ou morto. 
Depois é atirar-se à água, colher a ‘pescaria’ a nado, enfiá-la na espia para agrupar em 'cambulhada' e varar no calhau seco.

Quando Edgar Silva utilizou esta imagem [maestria na arte do engodo] veio-me à memória esta actividade piscatória ilícita que, no passado, foi muito comum na costa Norte da Madeira, onde a pobreza grassava e a fome abundava. 

O engodo é sempre um procedimento preliminar e a pescaria vem depois sendo o método aleatório e muitas vezes expedito. 

Esta variante da “pesca à bomba” pode encaixar-se no tipo de campanha que a Direita encarregou Marcelo de levar a efeito. 

O engodo já foi lançado. Temos de esperar para saber se os ‘peixes’ que foram arregimentados durante 10 anos de homilias televisivas, formam um 'cardume' e se posteriormente poderão ser tratados 'à bomba'. 
Aqui recordo uma das frases repetidamente utilizadas na campanha em sentido figurado: a utilização pelo PR da 'bomba atómica' (uso de poder de dissolução da Assembleia da República).

Bem, tudo isto é uma parábola mas convém não esquecer que Edgar Silva foi, em tempos idos, padre.

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