Um insuportável ruído revanchista...

O ruído que a Direita está a levantar sobre um esboço de Orçamento de Estado é verdadeiramente incompreensível link.

É natural que a Comissão Europeia queira desempenhar o seu ‘papel’. Não terá muita autoridade moral para isso já que tanto a França como a Itália e até a Espanha refutaram – sem consequências, note-se – as ‘correcções’ que Bruxelas pretendia fazer.

Bruxelas não gosta de falar em correcções e prefere o termo ‘ajustamentos’. Como se as medidas que quer impor, reverter ou anular fossem claras como a água, i. e., assépticas, inodoras e incolores. Não são de verdade. Os ‘ajustamentos’ que Bruxelas pretende introduzir reflectem a concepção da Direita sobre a via da austeridade para dar sustentabilidade à recuperação económica e financeira. 
Significa prosseguir o ritmo de transferências dos contribuintes para as instituições financeiras, deixando as pessoas – à boa maneira ‘liberal’ - entregues a si mesmas.

Existem exemplos do fracasso destas receitas o primeiro dos quais será a Grécia onde programas atrás de programas (de dito ‘ajustamento’) conduziram aquele País a um beco sem saída. Nada se tem falado da situação grega e se nos últimos dias veio alguma coisa à tona foram novas ameaças à volta do problema dos refugiados. Como se a Grécia estivesse por detrás dos lancinantes problemas que se vive no Médio Oriente. Em contrapartida – e ainda na questão dos refugiados – é escandalosa a dócil subserviência a um outro País desta zona: a Turquia.

Neste momento, Bruxelas tem nas mãos um esboço de Orçamento enviado pelo Governo português. Sobe diariamente ao púlpito mediático para mandar recados a Lisboa. Não tem dialogado, no sentido político do termo e enveredou pela via do remoque recheado de exercícios técnicos abstractos mas, no fundo, poderá estar a ensaiar um novo modelo de vacina. 

Começou a chicana política que obviamente não é gratuita e as questões que são normais nestas situações foram ab initio trazidas para a praça pública.
Percebe-se agora porque razão reclamou, desde o dia subsequente às eleições legislativas, o envio de um esboço de Orçamento. Pretendia que o mesmo fosse 'alinhavado' por Passos Coelho, a partir daí consideraria como sendo um irrevogável compromisso e de golpe revertia – pelo menos durante 1 ano – os resultados eleitorais.

Falta Bruxelas assumir quais são os modelos que tolera. Porque os que boicota estão à vista. Estas ‘escaramuças orçamentais’ têm aspectos de reprise. Já vimos este filme em qualquer lado. Deveríamos ‘pôr a pau’. O facto de os autores europeus se esconderem debaixo de ‘pactos’ desenhados a régua  e esquadro, não impede a revelação, cá dentro, de uma Direita colaborante e, sublinhe-se, antipatriótica. 
O revanchismo tem um fôlego enorme...

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