Parabéns, Sr. Presidente!

O país votou e aceito o veredicto. Não era e nunca seria o meu candidato, não pelo que pareceu durante a campanha, mas pelo que foi o seu passado.

Será o meu presidente enquanto cumprir o que disse que seria, e deixará de sê-lo no dia em que voltar a ser como foi ou proceder ao arrepio do que prometeu e da Constituição da República Portuguesa que há de jurar.

Suspeito que a notoriedade se tenha transformado em votos e que os canais televisivos possam ter vendido às rodelas um PR como vendem um sabão perfumado, mas isso será esquecido se o comportamento do futuro PR for pautado pelo respeito da Constituição e de todos os partidos políticos.

Para já, é um enorme alívio ver entreaberta a porta de saída do antecessor. Um PR culto, inteligente e sensível terá outra postura de Estado mas não basta o fim de uma década de dignidade reduzida, em Belém, para que se torne presidente de todos os portugueses.

Venceu o candidato da nobreza e do clero e falta provar que é o presidente do povo, que merece a presidência de um país laico, com a separação da Igreja e do Estado, e que não pode genufletir-se perante outro Chefe de Estado no joelhódromo de Fátima quando em 2017 ocorrer o festivo centenário das cambalhotas do sol e de pretensas aparições contra a República, primeiro, o comunismo, depois, e agora contra o ateísmo.

Pode não ser grande o júbilo pelo PR que chega mas é enorme a satisfação pelo que sai. Para já, reitero os meus parabéns, Sr. Presidente. Felicidades para o único mandato que prometeu não repetir.

Comentários

e-pá! disse…
A primeira prestação de Marcelo Rebelo de Sousa como presidente eleito teve 2 pequenos pormenores que, não significando qualquer descalabro, não resisto a assinalar:
Primeiro, a evocação da doutrina social do atual papa Francisco (i.e., da ICAR) como guia orientador para o desempenho das suas funções (supostamente endereçadas a servir um Estado constitucionalmente laico);
Depois, a perturbadora agitação de uma bandeira da 'causa monárquica' no salão da Faculdade de Direito (donde se dirigiu ao País), com uma proclamação discursiva com raízes e matizes republicanas foi, verdadeiramente, incómoda (mesmo para um ex-presidente da Fundação da Casa de Bragança).
Nada disto é relevante e concordo que é muito difícil controlar as emoções e as devoções pessoais e, também, impedir a intromissão de 'penetras'.
Trata-se de incidentes iniciais e o que é relevante e objecto de júbilo é o aguardado termino do consulado de Cavaco Silva.

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