A União Europeia (UE) a caminho do fim?
O projeto mais mobilizador do pós-guerra foi a utopia de uma comunidade económica, social, política e financeira, que despertou a esperança dos povos para uma democracia europeia onde a solidariedade e o desenvolvimento tivessem lugar.
Criou-se a moeda única, que exigia a federação dos Estados, e surgiram nacionalismos que dissolveram o sonho comum. Uma moeda não sobrevive sem Estado e a UE foi definhando com divergências geoestratégicas, competição fiscal e falta de integração, abrigada no guarda-chuva da Nato, com uma política externa errática. As contradições internas e a ausência de estratégia comum acabaram por transferir o poder das nações para burocratas sem legitimidade democrática nem sensibilidade política.
«Temos de criar um género de Estados Unidos da Europa», disse Churchill, em 19 de setembro de 1946, respondendo a uma pergunta na sequência da sua conferência, na Universidade de Zurique, quando já não era primeiro-ministro. Essa criação devia ter tido lugar, porventura de geometria alargada à Rússia e com objetivos diferentes, mas a União Europeia foi mais célere no apoio ao cerco à Rússia, com bases da Nato, do que na defesa dos seus países, agora asfixiados pelas dívidas soberanas.
A UE delinquiu na invasão do Iraque, sem que os autores sejam julgados pelo TPI, e foi cúmplice da destruição da Jugoslávia, do massacre da Sérvia, da deriva nacionalista da Hungria, Polónia e do que mais virá. O Reino Unido, perdido o império, hesitou sempre entre integrar a UE e acabar como 51.º estado dos EUA, arriscando-se, após secessão da Escócia e unificação da Irlanda, pelos republicanos do Sinn Féin, a ver ainda Edimburgo e Belfast a juntarem-se a Dublin, na União Europeia, antes do estertor desta.
A UE é complacente com a deriva autoritária e reislamização da Turquia, consentindo o massacre dos curdos e a disfarçada proteção ao Daesh, e hipoteca a civilização, tolhida pela súbita alteração étnica e cultural com que multidões de refugiados a atemorizam.
A Alemanha que procurou europeizar-se acabou a germanizar a Europa com os países a oscilarem entre direita e extrema-direita, sem alternativa e, em breve, sem alternância, à procura de modelos securitários, antes da desintegração, de novas ditaduras e, talvez, da loucura total de uma nova e derradeira guerra.
Não há pachorra para a arrogância de um ministro teutónico das Finanças a dizer como devem votar os países da União onde todos merecem ser iguais, pelo menos, no respeito mútuo e recíproco.
A UE ou se federaliza, e duvido da vontade dos seus povos, ou desaparecerá. O fim será cataclísmico.
Criou-se a moeda única, que exigia a federação dos Estados, e surgiram nacionalismos que dissolveram o sonho comum. Uma moeda não sobrevive sem Estado e a UE foi definhando com divergências geoestratégicas, competição fiscal e falta de integração, abrigada no guarda-chuva da Nato, com uma política externa errática. As contradições internas e a ausência de estratégia comum acabaram por transferir o poder das nações para burocratas sem legitimidade democrática nem sensibilidade política.
«Temos de criar um género de Estados Unidos da Europa», disse Churchill, em 19 de setembro de 1946, respondendo a uma pergunta na sequência da sua conferência, na Universidade de Zurique, quando já não era primeiro-ministro. Essa criação devia ter tido lugar, porventura de geometria alargada à Rússia e com objetivos diferentes, mas a União Europeia foi mais célere no apoio ao cerco à Rússia, com bases da Nato, do que na defesa dos seus países, agora asfixiados pelas dívidas soberanas.
A UE delinquiu na invasão do Iraque, sem que os autores sejam julgados pelo TPI, e foi cúmplice da destruição da Jugoslávia, do massacre da Sérvia, da deriva nacionalista da Hungria, Polónia e do que mais virá. O Reino Unido, perdido o império, hesitou sempre entre integrar a UE e acabar como 51.º estado dos EUA, arriscando-se, após secessão da Escócia e unificação da Irlanda, pelos republicanos do Sinn Féin, a ver ainda Edimburgo e Belfast a juntarem-se a Dublin, na União Europeia, antes do estertor desta.
A UE é complacente com a deriva autoritária e reislamização da Turquia, consentindo o massacre dos curdos e a disfarçada proteção ao Daesh, e hipoteca a civilização, tolhida pela súbita alteração étnica e cultural com que multidões de refugiados a atemorizam.
A Alemanha que procurou europeizar-se acabou a germanizar a Europa com os países a oscilarem entre direita e extrema-direita, sem alternativa e, em breve, sem alternância, à procura de modelos securitários, antes da desintegração, de novas ditaduras e, talvez, da loucura total de uma nova e derradeira guerra.
Não há pachorra para a arrogância de um ministro teutónico das Finanças a dizer como devem votar os países da União onde todos merecem ser iguais, pelo menos, no respeito mútuo e recíproco.
A UE ou se federaliza, e duvido da vontade dos seus povos, ou desaparecerá. O fim será cataclísmico.
Ponte Europa / Sorumbático
Comentários
Este 'estiramento' de interesses e de conflitualidades vai, com toda a probabilidade, levar a soluções de continuidade (nem que sejam por fadiga).
Mas as questões maiores são efetivamente políticas. Sendo a Europa um continente de pluralidades (económicas, culturais e até sociais), políticos medíocres emboscados atrás de 'pragmáticas' (e falaciosas) racionalidades, para tentar esconder opções ideológicas ultraconservadoras, detêm (e lutam por preservar) uma enorme capacidade de manobra (nomeadamente no campo financeiro como W. Schauble), pretendendo impor a tudo e a todos diktats que não congregam povos, vontades ou 'soluções', mas pelo contrário acentuam as divergências e, a curto prazo, vão conduzir a inevitáveis ruturas.