Arábia Saudita – Um país aberto ao futuro
Pasma-se com o passo de gigante previsto, já no próximo ano
da era vulgar, no reduto do Islão ortodoxo e guardião dos mais sagrados locais
do misericordioso Profeta.
As mulheres, que os monoteísmos sempre consideraram
inferiores, não se sabe se por razões genéticas ou de género, irão ser
autorizadas a conduzir automóveis e, pasme-se, a poderem assistir a jogos de
futebol. São duas concessões por atacado.
Esta revolução que belisca a sharia, subverte os bons
costumes e destrói uma tradição de 14 séculos, muito anterior à descoberta do
motor de explosão, isto é, desde sempre, já foi saudada como “grande passo na
direção certa” pelo secretário-geral da ONU.
O Mundo está estupefacto. Que uma mulher possa assistir a um
jogo de futebol, quando devidamente acompanhada pelo marido ou um filho, ainda
se tolera, mas poder, a partir de meados do próximo ano, conduzir um automóvel,
a confirmar-se a arrojada decisão, é uma espécie de Maio de 68 francês, com a
revolução dos costumes a partir do poder.
É tão surpreendente que uma mulher possa aprender a conduzir
como ser dispensada de vergastadas públicas por tão imoral ato. Hoje começam a
guiar, amanhã vão sozinhas ao estádio, e depois, quem sabe, acabam a
autodeterminar-se, à semelhança dos homens.
Ainda hão de querer ser elas a escolher os maridos! Quem nos
acode!? Que a paz e as bênçãos de Deus estejam com o misericordioso profeta Muhammad,
sua família e com todos os seus companheiros, antes de vermos uma jovem saudita
a dar um beijo ao namorado que escolheu!
Comentários
deve estar espantado.
sem dúvida
mas continua a base histórica do islão ( na arábia, mas tb nas tribos perdidas do Afeganistão..Paquistão. índia..bangla desh, sudão, Nigéria, mali..etc.......)
ou seja
MATANÇA DE MULHERES À PEDRADA, VIOLAÇÕES IMPUNES, POLIGAMIA AOS RODOS, DIVÓRCIOS
POR CADA ARROTA MACHO....etc..etc
o único espanto ( ou talvez não, dada a identidade das autoras) é ver MULHERES FEMINISTAS (??) NA EUROPA E NOS EUA (angelina jolie, por ex) A DEFENDER TRESLOUCADAMENTE esta selvajaria
Na verdade, o que esta 'medida humanizante' hipocritamente revela não é propriamente um passo de uma caminhada para o futuro, mas o alijar de uma canga que lhe foi 'profeticamente' imposta e as condições presentes tornaram inviável.
A casa real saudita aparece a ceder e a tentar 'colher louros' de modernidade, neste insustentável terreno, com uma finalidade. A de manter no essencial um sistema social medievo onde a dominação persiste e é para continuar.
A medida terá pouco a ver com uma 'abertura' e quando muito poderá ser o pré-anuncio de que as relações de trabalho na sociedade islâmica e os mecanismos económicos dificilmente suportarão o confinar da mulher ao seu domicilio. Mesmo com 'petróleo a rodos' será difícil, com as solicitações (e tentações) contemporâneas o devoto chefe de família sustentar 5 esposas e uma imensa prole. O anúncio de autorização para as mulheres conduzirem automóveis significa tão somente que vão entrar no mercado de trabalho.
E essa 'entrada' não se faz por bons motivos, nem acontecerá em boas condições. Na Arabia Saudita a igualdade de género é - e continuará a ser - uma miragem e, pior, será sempre considerado um 'fator desestruturante' da coesão social, entendida sob os preceitos islâmicos.
Trata-se de uma insignificante mudança para que tudo continue na mesma. Nada a celebrar, portanto.
É que o sistema social muçulmano põe o coletivo à frente do individual, estruturando a sociedade em função ascendente do coletivo. A base é a família, depois a tribo, depois a região, depois o país (quando ele existe). Toda a economia se baseia nesta lógica. As liberdades individuais resumem-se ao que o individuo pode fazer depois de cumprir suas obrigações coletivas: Rezar, trabalhar (elas em casa), fazer filhos e proteger a família.
Abrir o mercado de trabalho às mulheres significava para eles multiplicarem os problemas que já hoje têm com o desemprego.
Podemos imaginar isso pensado no que aconteceria a um país europeu em que, de repente, as mulheres tivessem que sair do mercado de trabalho.
A lei que foi feita para entrar em vigor daqui a cerca de um ano, foi um fait divers para americano ver. Agora que a família real saudita (maior investidor árabe nos EUA) está com dificuldades em explicar aos seus súbditos a razão porque se opõe à maravilhosa ideia de "make Islamism great again".