Ontem, na Guarda

Na Guarda, ontem – Prémio Eduardo Lourenço/2017

Regressar à Guarda é um reencontro com a memória de quem saiu da cidade e a trouxe dentro de si. É reviver um tempo de juventude no lugar que nos reprimia, sem conseguir matar a alegria, o gosto da vida e a intensidade dos afetos.

Ontem fui à Guarda, por escassos momentos, para dar um abraço a Fernando Paulouro, jornalista de exceção, escritor de mérito e cidadão exemplar, numa sala cheia de amigos, onde se respirava cultura e rendia homenagem ao intelectual e cidadão que recebeu, na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço (BMEL) o prémio que leva o nome prestigiado do patrono.

Compunham a mesa o próprio Eduardo Lourenço, o reitor da Universidade de Coimbra, o vice-reitor da Universidade de Salamanca, o diretor do Instituto Superior da Guarda e o galardoado, além, naturalmente, do presidente do município.

Em período eleitoral, o edil foi o primeiro a subir à tribuna e temi o pior quando o longo discurso começou pela referência às autoridades civis, militares e religiosas, a lembrar a coreografia do dia 1 de outubro de cada ano, no Liceu Nacional da Guarda. De facto, na assistência, além do melhor que a Guarda mantém no campo intelectual, havia autarcas, um coronel da GNR e o bispo da diocese. Parecia o regresso ao antigamente.

Ressarciram-me da primeira homilia os discursos, prenhes de substância e erudição, que se seguiram. Eduardo Lourenço, Arnaldo Saraiva e Fernando Paulouro fizeram jus ao mérito que os exorna e deliciaram o auditório.

O prémio deste ano acertou em cheio, como, aliás, sucedeu com os anteriores. Fernando Paulouro é mais um escritor, impoluto na prosa, nas ideias e na cidadania, que se juntou à plêiade de intelectuais ibéricos distinguidos com o prémio, a mostrar que o contributo do galardoado para o prestígio do prémio não é menor do que o deste para o premiado.

Parabéns, Fernando. O dia terminou da melhor maneira. E foram muitos os amigos que ali estiveram no fraterno convívio que se seguiu.



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