As eleições alemãs e a União Europeia
Quem se habitua a avaliar os partidos mais pela prática do que pelo rótulo, não se pode congratular com a brutal perda de votos do partido da senhora Merkel. A sua derrota é a derrota da democracia que a extrema-direita vai assaltando dentro da legalidade.
O partido social-democrata (SPD) e o democrata-cristão (CDU) não se diferenciaram no essencial e, por isso, tiveram uma derrota conjunta. O centro é o lugar vazio das utopias partidárias e a democracia sofre da fragilidade de ter de consentir aos adversários o que estes não permitem quando tomam o poder.
A falta de competição abre caminho, como se viu, a forças extremistas. O AfD entra no Parlamento com o fulgor de 13% dos votos e o ruído de 94 deputados que alcançaram o primeiro e estrondoso êxito, entrando no Bundestag, depois da derrota do nazismo e da capitulação alemã em 8 de maio de 1945. E num país onde a economia é pujante!
O AfD é um partido assumidamente nazi, sem poder assumir a suástica, aliás proibida, e impedida ainda de assumir a coreografia hitleriana. Mas, depois de se ter afastado o seu primeiro líder, Bernd Lucke, que defendia a permanência na UE, o partido ‘Alternativa para a Alemanha’ deixou de ser a formação de contornos populistas, que defendia o fim do euro, e caminhou para a extrema-direita.
O partido que nasceu nos meios universitários e foi apoiado por sectores empresariais e jornalistas reacionários, deixou de ser das elites, atraiu ex-quadros dissidentes da CDU e do FDP (liberais) e passou a crescer com os discursos xenófobos, contra muçulmanos, e acabou por se tornar um grande partido com apelos nacionalistas que remetem para um passado nazi, com a exaltação de alegados heróis das duas guerras mundiais perdidas.
Hoje, os que estudaram História são os que se afastam, ou são afastados, na apoteose da Alternativa para a Alemanha, que exige o branqueamento do passado, a reabilitação do período negro que ensanguentou o mundo e onde já aflora, de novo, o antissemitismo.
Depois da Hungria e da Polónia, onde a extrema-direita chegou ao poder, a Alemanha é mais um país onde os extremistas do AfD, sem memória e sem pudor, já rivalizam com os partidos homólogos que não deixam de crescer na Europa, onde a herança iluminista se encontra a ameaçada pelo regresso aos nacionalismos, do populismo e da xenofobia.
Perante a indiferença de muitos e a cumplicidade de alguns, começou a lenta e segura caminhada para a fragmentação da União Europeia e, com ela, de países que a integram, com o regresso às guerras civis, se a louca cavalgada nuclear não se antecipar.
Vão maus os tempos. Relembram o que sabemos da terceira década do século passado. Parece a rodagem de um filme negro de que já conhecemos o guião.
O partido social-democrata (SPD) e o democrata-cristão (CDU) não se diferenciaram no essencial e, por isso, tiveram uma derrota conjunta. O centro é o lugar vazio das utopias partidárias e a democracia sofre da fragilidade de ter de consentir aos adversários o que estes não permitem quando tomam o poder.
A falta de competição abre caminho, como se viu, a forças extremistas. O AfD entra no Parlamento com o fulgor de 13% dos votos e o ruído de 94 deputados que alcançaram o primeiro e estrondoso êxito, entrando no Bundestag, depois da derrota do nazismo e da capitulação alemã em 8 de maio de 1945. E num país onde a economia é pujante!
O AfD é um partido assumidamente nazi, sem poder assumir a suástica, aliás proibida, e impedida ainda de assumir a coreografia hitleriana. Mas, depois de se ter afastado o seu primeiro líder, Bernd Lucke, que defendia a permanência na UE, o partido ‘Alternativa para a Alemanha’ deixou de ser a formação de contornos populistas, que defendia o fim do euro, e caminhou para a extrema-direita.
O partido que nasceu nos meios universitários e foi apoiado por sectores empresariais e jornalistas reacionários, deixou de ser das elites, atraiu ex-quadros dissidentes da CDU e do FDP (liberais) e passou a crescer com os discursos xenófobos, contra muçulmanos, e acabou por se tornar um grande partido com apelos nacionalistas que remetem para um passado nazi, com a exaltação de alegados heróis das duas guerras mundiais perdidas.
Hoje, os que estudaram História são os que se afastam, ou são afastados, na apoteose da Alternativa para a Alemanha, que exige o branqueamento do passado, a reabilitação do período negro que ensanguentou o mundo e onde já aflora, de novo, o antissemitismo.
Depois da Hungria e da Polónia, onde a extrema-direita chegou ao poder, a Alemanha é mais um país onde os extremistas do AfD, sem memória e sem pudor, já rivalizam com os partidos homólogos que não deixam de crescer na Europa, onde a herança iluminista se encontra a ameaçada pelo regresso aos nacionalismos, do populismo e da xenofobia.
Perante a indiferença de muitos e a cumplicidade de alguns, começou a lenta e segura caminhada para a fragmentação da União Europeia e, com ela, de países que a integram, com o regresso às guerras civis, se a louca cavalgada nuclear não se antecipar.
Vão maus os tempos. Relembram o que sabemos da terceira década do século passado. Parece a rodagem de um filme negro de que já conhecemos o guião.
Comentários
Nem sempre foi assim, não tinha necessariamente de ser assim.
Que a Direita alimente nuances entre o extremismo e o Centro é uma velha realidade que todos conhecemos, mas a deriva social-democrata em favor de uma gestão adocicada do capitalismo - que teve a sua exponencial expressão a partir de Schroeder - não tem razão de ser.
A Direita 'global' (CDU + AfD) até não perdeu muitos votos. Mas o SPD, enquanto alternativa social-democrata à Direita, segue o trágico caminho das sociais democracias europeias.
A dúvida é se uma 'cura de oposição' do SPD, mudará alguma coisa ou se '...vem tarde e Inês é morta'...
Apresentar essa ascensão como se de uma fatalidade do destino se tratasse não ajuda nada a combatê-la.
Na Alemanha de Waimer o verdadeiro motor da política era o combate ao comunismo, na Alemanha de Merkel esse motor é o combate à descaracterização cultural da Alemanha que acontece com a importação de milhões de muçulmanos.
Talvez milhões de eleitores alemães, não obstante terem votado em outros partidos que não o AfD, rejeitam também eles a política de recrutamento de mão de obra seguida pela Sra Merkel, que atua sob a batuta do grande capital americano.
Devemos recordar que os EUA aconselharam a integração da Turquia na EU, não obstante fracasso de integração cultural que isso representa com certeza.
É que, objetivamente, O Alemanha é hoje ainda um país ocupado, a cumprir ordem das potências ocupantes, com destaque para os EUA. (lembrar as questões relacionadas com o euro e o pagamento das indemnizações de guerra a Israel aonde os tropas nazis nunca destruíram nada..., etc.).