Viver é um risco cada vez maior
O problema nuclear ocorrido em Three Mile Island, em Março de 1979 nos Estados Unidos, parou durante 30 anos a construção de centrais nucleares nos EUA.
O acidente de Chernobyl, em 1986, o mais grave até hoje, veio aumentar os receios e dar força aos que se recusam a avaliar o custo/benefício, incluindo os riscos, da única energia que se afigura inesgotável.
O Japão vive hoje uma tragédia que está longe de ser avaliada na sua extensão e riscos futuros. Quando se julgava dominada a energia nuclear, quando os combustíveis fósseis se encaminham para a exaustão, sem alternativas sólidas, mais um argumento poderoso reforça a contestação da energia nuclear.
É doloroso pensar que um devastador terramoto, seguido de um violento maremoto, tenha atingido um país que foi vítima dos bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki sem julgar agora as razões que estiveram na origem de tal horror.
Portugal, onde a animosidade contra a energia nuclear está provavelmente em linha com o pensamento dos outros países europeus, mas com mais necessidade de importação que outros países, não pode dar-se ao luxo de ignorar a escassez dos seus próprios recursos, a dependência externa e o custo cada vez mais insuportável dos combustíveis fósseis.
Esta semana é talvez a mais desadequada para discutir a energia nuclear mas, em breve, teremos de tomar uma opção e o pior que pode acontecer é tomá-la sem a discutir.
Muitos progressos tiveram custos humanos dolorosos e estão na origem da qualidade de vida de que hoje gozamos mas, com a terceira economia mundial enterrada no cemitério do seu próprio sucesso, é difícil apelar à discussão urgente da única alternativa que se tornou dramática.
Ponte Europa / Sorumbático
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