The day after …
Na sequência da rejeição do PEC IV pela AR o XVIII Governo Constitucional apresentou a sua demissão.
Esta a nova realidade política com que estamos confrontados. Não ganharemos nada em dramatizar. A democracia é capaz de resolver problemas desta magnitude. Não vivemos no tempo de Luís XV, pretenso autor da famosa frase "depois de mim, o dilúvio"…
Neste momento, a responsabilidade dos partidos políticos perante os cidadãos ficou manifestamente acrescida. É imperativo que os partidos expliquem com rigor, clareza e transparência ao País a complexa situação em que nos encontramos e que sejam capazes de enunciar em termos compreensíveis, directos e frontais soluções para resolvê-la. Com quem, à custa de quem e, necessariamente, contra quem.
Para já, concorde-se - ou não - com o pacote de medidas de austeridade que foi ontem “chumbado”, o dia ficou marcado por um incontornável distanciamento da Europa [que já lembrou que a solidariedade é uma rua com 2 sentidos], onde negociávamos apoios, sem que tenham sido apresentados opções estratégicas alternativas com o mínimo de rigor e detalhe no sentido da consolidação orçamental, do serviço da dívida e do crescimento económico.
Ficamos a saber o que o País – representado na actual AR - não aceita este modelo de austeridade. Já estávamos sujeitos a “ajustamentos”, ditos estruturais, ditados de fora. O “exercício de soberania” de ontem introduziu novas condições a essa situação sem que fossem tiradas todas as ilações. Daqui até às eleições saberemos mais.
O momento político, económico, financeiro e social não se compadece com malabarismos de retórica, tibiezas ou temeridades. Nem perdoará contorcionismos eleitorais baseados em promessas de radiosos amanhãs que nunca chegam. Ao longo destes 2 anos os portugueses tomaram consciência que a situação nacional, na sua globalidade, é gravíssima e que o futuro exigirá pesados sacrifícios, só suportáveis quando moldados num quadro de justiça social. Uma inflexível exigência de equidade tornou-se hoje – e será daqui para a frente - a palavra-chave.
Neste momento, o País necessita[va], também, de um Presidente da República que promova a convocação de eleições legislativas intercalares e, simultaneamente, seja capaz de assegurar os problemas inerentes ao interregno governamental […os mercados não dormem e o País necessita urgentemente de se financiar], de gerar os consensos indispensáveis, num ambiente político-social altamente crispado. Agora, não há espaço para políticos envergonhados ou “não-assumidos”. Esgotamos os tempos da chicana política que proporcionou o inefável discurso de tomada de posse do PR. Até aqui tivemos uma “magistratura silenciosa”…
Múltiplas dificuldades e rígidos critérios de exigência atingem, portanto, todo o “mundo da política” nacional, englobando todas as instituições. Em “tempos de cólera” nada escapará ao escrutínio dos cidadãos.
O essencial é simples de enunciar: não deixar resvalar esta crise política para uma perversão do regime.
Se a política não souber [ou não quiser] assumir a primazia da liderança nacional, se os partidos políticos não apresentarem opções sólidas e solidárias, se os portugueses descurarem os deveres de cidadania, outros “poderes” estão prontos para capturar o Estado que, por ora, publicamente fustigam. Refiro-me, especificamente, ao mundo financeiro.
Este é o grande risco do momento.
Apostila: Entretanto a agência de notação financeira Fitch – quando não são passadas 24 horas sobre o debate parlamentar – cortou o rating de Portugal em dois níveis (de A+ para A-) link
Esta a nova realidade política com que estamos confrontados. Não ganharemos nada em dramatizar. A democracia é capaz de resolver problemas desta magnitude. Não vivemos no tempo de Luís XV, pretenso autor da famosa frase "depois de mim, o dilúvio"…
Neste momento, a responsabilidade dos partidos políticos perante os cidadãos ficou manifestamente acrescida. É imperativo que os partidos expliquem com rigor, clareza e transparência ao País a complexa situação em que nos encontramos e que sejam capazes de enunciar em termos compreensíveis, directos e frontais soluções para resolvê-la. Com quem, à custa de quem e, necessariamente, contra quem.
Para já, concorde-se - ou não - com o pacote de medidas de austeridade que foi ontem “chumbado”, o dia ficou marcado por um incontornável distanciamento da Europa [que já lembrou que a solidariedade é uma rua com 2 sentidos], onde negociávamos apoios, sem que tenham sido apresentados opções estratégicas alternativas com o mínimo de rigor e detalhe no sentido da consolidação orçamental, do serviço da dívida e do crescimento económico.
Ficamos a saber o que o País – representado na actual AR - não aceita este modelo de austeridade. Já estávamos sujeitos a “ajustamentos”, ditos estruturais, ditados de fora. O “exercício de soberania” de ontem introduziu novas condições a essa situação sem que fossem tiradas todas as ilações. Daqui até às eleições saberemos mais.
O momento político, económico, financeiro e social não se compadece com malabarismos de retórica, tibiezas ou temeridades. Nem perdoará contorcionismos eleitorais baseados em promessas de radiosos amanhãs que nunca chegam. Ao longo destes 2 anos os portugueses tomaram consciência que a situação nacional, na sua globalidade, é gravíssima e que o futuro exigirá pesados sacrifícios, só suportáveis quando moldados num quadro de justiça social. Uma inflexível exigência de equidade tornou-se hoje – e será daqui para a frente - a palavra-chave.
Neste momento, o País necessita[va], também, de um Presidente da República que promova a convocação de eleições legislativas intercalares e, simultaneamente, seja capaz de assegurar os problemas inerentes ao interregno governamental […os mercados não dormem e o País necessita urgentemente de se financiar], de gerar os consensos indispensáveis, num ambiente político-social altamente crispado. Agora, não há espaço para políticos envergonhados ou “não-assumidos”. Esgotamos os tempos da chicana política que proporcionou o inefável discurso de tomada de posse do PR. Até aqui tivemos uma “magistratura silenciosa”…
Múltiplas dificuldades e rígidos critérios de exigência atingem, portanto, todo o “mundo da política” nacional, englobando todas as instituições. Em “tempos de cólera” nada escapará ao escrutínio dos cidadãos.
O essencial é simples de enunciar: não deixar resvalar esta crise política para uma perversão do regime.
Se a política não souber [ou não quiser] assumir a primazia da liderança nacional, se os partidos políticos não apresentarem opções sólidas e solidárias, se os portugueses descurarem os deveres de cidadania, outros “poderes” estão prontos para capturar o Estado que, por ora, publicamente fustigam. Refiro-me, especificamente, ao mundo financeiro.
Este é o grande risco do momento.
Apostila: Entretanto a agência de notação financeira Fitch – quando não são passadas 24 horas sobre o debate parlamentar – cortou o rating de Portugal em dois níveis (de A+ para A-) link
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