O sismo do Japão e a questão nuclear…

Sequência fotográfica da explosão de reactor nuclear
Central de Fukushima (Japão)

O recente e violento sismo ocorrido no Japão levanta, de novo, um problema entretanto “adormecido”, no nosso País: a questão da energia nuclear.
O problema mantinha-se dormente desde a catástrofe de Chernobyl.

As populações alimentam múltiplos receios sobre esse modelo de exploração energética que é – em termos de riscos - muito sensível.

De facto, Chernobyl veio demonstrar que, para além das questões técnicas que têm polarizado este problema, o colapso de um regime (soviético) e as suas “ondas de choque” político-sociais, que levaram a uma reestruturação da sociedade, a todos os níveis (incluindo tecnológico), conduziram simultaneamente ao negligenciar dos meios técnicos e humanos necessários para assegurar o funcionamento de centrais nucleares, nas melhores condições de segurança. As sociedades em acelerados processos transformação não têm tempo para se debruçar sobre questões técnicas, nomeadamente no que diz respeito à segurança. Uma sociedade em mudança é, per si, uma sociedade conivente com o risco.

Esta percepção não é partilhada por economistas e muitas vezes pelos políticos. De facto, o desenvolvimento traz uma elevada factura energética que se reflecte, primariamente, na área industrial e tecnológica mas, concomitantemente, nos sectores doméstico, transportes e serviços. Por outro lado o efeito poluidor das energias convencionais (carvão, hidrocarbonetos, etc.) tem pesado no campo ambiental, nomeadamente, depois das Cimeiras de Kyoto e de Copenhaga, levando à procura de opções alternativas (não nucleares). O que em princípio é um caminho mais seguro, mais limpo, embora não tão eficiente do ponto de vista económico.

Por outro lado, permanece viva a convicção (a certeza) de que a energia nuclear não é limpa. De facto, as centrais nucleares produzem abundantes quantidades de “lixo radioactivo” e não existem soluções satisfatórias para contornar este problema.

A situação vivida actualmente na Central de Fukushima demonstra que, a todos estes pressupostos, se associa o risco de catástrofes naturais, veio colocar novamente este adormecido problema na ordem do dia. A violência destes desastres naturais é incalculável e imprevista, logo, permanece à margem das medidas de segurança instituídas.

Em Portugal por várias vezes se levantou o problema da opção nuclear. Tem prevalecido uma corrente comedida e cautelosa que de certo modo informa a “Estratégia Nacional para a Energia” [definida em 2005] optando pela conquista da eficiência energética com recurso às energias renováveis (eólica e hídrica).

Sendo Portugal um País com várias falhas sísmicas (a mais activa na zona da Grande Lisboa - onde se concentram grande parte dos meios de produção e se verifica uma alta densidade demográfica) a dramática situação actualmente vivida no Japão, deverá induzir que a estratégia no nosso País mantenha as actuais opções.
Isto é, a opção nuclear deverá permanecer fora da agenda energética portuguesa, por largos anos...

Comentários

No meu fraco entender apesar de não
entender nada desta matéria,acho que o Governo,no campo da energia renovável e limpa,devia dar o exemplo mandando colocar painéis de energia solar nos Edifícios Públicos e facilitar às Empresas
privadas assim como às pessoas com
casa própria a colocação de
painéis solares.Naturalmente que
não se põe de parte a energia eólica e as barragens nos rios,e
em vez de uma barragem gigantesca
poderiam fazer duas ou três mais pequenas,até mesmo em algumas ribeiras.

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