Ajuda externa, despojos do pote e limpidez política…

O PR aceitou a demissão do PM, dissolveu o Parlamento e marcou eleições para o dia 5 de Junho.


Entretanto, acrescentou: “Até às legislativas, no entanto, o Executivo de gestão 'não está impedido' de conduzir todos os actos necessários à salvaguarda do interesse nacional, 'tanto no plano interno como no plano externo'”. link


O PR, nesta declaração, alinha pela bitola do PSD que – nos últimos tempos – tem instado o Governo a pedir ajuda externa sabendo que esta questão foi um dos cavalos de batalha do último ano do Governo de Sócrates. Pretende [0 PSD], deste modo, colocar alguns trunfos na mesa. Isto é, afirmar que – mais uma vez - o Governo fracassou nos seus propósitos e, simultaneamente, alienar o ónus de uma medida [que há muito deseja...] mas que sabe poder desencadear gravosas consequências políticas, económicas e sociais. É só olhar para o que se passa na Grécia e na Irlanda.


Quando Miguel Macedo se apressa a afirmar que concorda com o PR tenta inverter a situação. O PSD, nos últimos tempos, quer em afirmações de dirigentes, quer na AR não se cansa de insinuar que o Governo deveria pedir ajuda externa. É, na verdade, um aproveitamento político pouco transparente. É mais uma esperteza saloia do que outra coisa. link


O recurso à ajuda externa deve ser fundamentalmente discutido no plano político longe do marketing eleitoral. Essa ajuda poderá ser necessária [ou, mais concretamente, imposta pelos inefáveis “mercados”] com base em específicas circunstâncias financeiras internas, nomeadamente, a necessidade de garantir, nos próximos meses, o financiamento do País e o serviço da dívida.


Se é verdade que a situação financeira se agrava diariamente as actuais condições políticas – depois da demissão do Governo - são substancialmente diferentes. Exigem, para medidas duradouras e de grande impacto político, uma clarificação e concertação prévia entre as forças partidárias. O Governo em gestão corrente terá de concertar posições com o PR. Mas para dar um passo deste alcance e com essas consequências isso não basta. O tal “entendimento alargado” [mais um slogan para juntar à "magistratura activa"] terá oportunidade de se manifestar [ou não] numa circunstância destas, independentemente, do programado acto eleitoral de 5 de Junho.


Os partidos políticos, em período de interregno da AR, teriam de ser ouvidos. E, como tem sucedido no passado recente, o PSD não poderia andar como o pé no estribo e outro no chão. Teria de expressar publicamente o seu apoio ou a sua recusa. Não bastaria abster-se [como tem feito até aqui]. Assim, do tipo: peçam ajuda que nós – por enquanto – não levantamos ondas. Até tudo começar a correr mal…


É que um Governo não pode ser encostado à parede porque não é considerado competente para gerir a crise e, logo a seguir, passa a ser indispensável para encontrar outros caminhos no sentido de a enfrentar [essa crise], com instrumentos que nunca defendeu até ao presente [solicitar ajuda externa].


De resto, a ajuda externa estava dentro do tal pote que - não vale a pena esconder - foi assaltado. Só Passos Coelho não quer admitir que tropeçou com esta “surpresa!”

Comentários

Anónimo disse…
A sra . Merkel ja os desbaratou a todos, e a Kavacu, quanto ao deficit aumentado pela consideração do buraco do BPN...

Vale a pena ouvi-la, como, de modo conciso relativiza e enquadra isto,

deixando macedos, pristas, creio, honorios e outros a falarem sózinhos...

Perdoai-lhes Senhor,

eles não sabem o que fizeram

e menos ainda, o que agora dizem argumentam esgrimem...

abraço

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides