António Barreto com o Bloco de Esquerda

Alguns cidadãos que esperavam de António Barreto alguma coerência e um mínimo de pudor ficaram estupefactos com o apoio expresso do sociólogo ao candidato do Bloco de Esquerda - o advogado José Sá Fernandes, um excelente candidato, aliás. Santa ingenuidade.

António Barreto (AB) deve o prestígio político ao facto de ter sido ministro do PS e de ninguém se recordar do medíocre desempenho com que tutelou a pasta da Agricultura. Salvo a forma expedita como devolveu as propriedades aos antigos proprietários, uma reparação eventualmente legítima, mas que a legislação vigente de todo impedia, nada fez de útil ou relevante.

AB é um dos mais conceituados intelectuais da Direita. Corre o boato de que é arguto e inteligente. No entanto, quando se trata de prever o futuro é de uma indigência atroz. Errou nas críticas ao Centro Cultural de Belém, a que chamava «Centro Comercial», enganou-se quanto ao futuro dos telemóveis, estatelou-se nas previsões da Expo/98.

No fundo, AB é provinciano e narcisista. Tem horror à novidade, receia o progresso e mantém o culto exacerbado da personalidade. Sonhou um dia ser líder do PS mas faltava-lhe a preparação, equilíbrio e competência que o desempenho do cargo exige.

Tentou satisfazer as ambições sujeitando-se a ser um adorno da Aliança Democrática, companheiro de estrada de uma coligação PSD/CDS/PPM. Foi o Reformador útil ao serviço de Sá Carneiro.

De há vários anos que o cega a sanha contra o PS e os principais dirigentes. O inveja de Jorge Sampaio é mesquinha e infantil. O ódio a Guterres é boçal e grotesco. As críticas ao partido têm a marca do ressentimento, falta-lhes pudor e substância. É um falhado político que faz do combate ao PS a catarse da sua frustração. Fez o percurso habitual dos trânsfugas. Está para o PS como a Zita Seabra para o PCP.

Quem se admira, pois, que apareça a apoiar o candidato do Bloco à Câmara de Lisboa? António Barreto é o apoiante videirinho, que agarra a oportunidade de combater o candidato do PS e que, na hora do voto, é capaz de votar em qualquer um que a coligação de direita apresente.
Carlos Esperança

Comentários

Anónimo disse…
Meu caro Carlos, simplesmente irrepreensível a análise que fazes. E deixa-me dizer-te que, paralelamente ao teu post, fico sempre destroçado quando vejo cidadãos empenhados em causas, afirmando-se descomprometidos, aceitarem integrar de imediato candidaturas a cargos políticos. Não que não tenham essa legitimidade. Até a terão reforçada. Mas a forma como surgem dá sempre a impressão que a liderança de movimentos cívicos tem esse objectivo e não o interesse colectivo. E já se viu com o movimento da co-inceneração, com o movimento de elevação a vilas, concelhos e sei lá mais o quê. Os partidos é que se aproveitam? Também é essa a sua função. Integrar no seu seio quem seja competente e lhes traga benefícios políticos. Mas como se verá a acção política de José Sá Fernandes depois das autárquicas? Como um activista do bloco de esquerda.Como o seria de outro partido qualquer.E não um activista de Lisboa.
Anónimo disse…
cparis:

Tem todo o direito de dizer e considerar disparates.

Ninguém falou de Álvaro Barreto que é presidente da Assembleia Municipal de Lisboa e foi ministro de Santana Lopes.

Falei de António Barreto que foi deputado da Aliança democrática e é um adversário do PS. Pode achar que é de Esquerda.
É um direito seu.
Anónimo disse…
Peço desculpa ao CParis por lhe ter apagado o comentário.
Foi a minha inabilidade que me levou a fazê-lo.
Quis apagar a minha foto e apaguei o comentário do leitor.
Reitero as minhas desculpas e espero não voltar a cair em tão deselegante lapso.
O espaço fica à sua disposição para o repetir e, por penitência, não responderei.
Anónimo disse…
Carlos està em forma: também analitica.
O Barreto é simplesmente um oportunista e vaidoso...como aliás sempre foi e nunca escondeu.

Pertence àquela casta (ou será corja) de supostos ou auto-designados "intelectuais de esquerda", olha como o Sr. Emproado Inpector- Dramaturgo -guionista -avençado das TVs Moita Flores (agora candidato pelo PSD á câmara de santarém)que NUNCA NADA DE IMPORTANTE fizeram pelo país para além de venderem umas opiniões e complirem umas análises estatisticas de caratcter sócio-historico acerca de qq coisa. Quedepois os seus congéneres de metodo ee actução tratarão de celebrar na comunicação social. E assim se criam os mitos...

Deixai-os: a História não falará deles. E na sua vaidade asfixiante é isso que os atormenta...

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