A Democracia, os Partidos e o Mar

“As correntes democráticas, ao longo da história, fazem lembrar a rebentação contínua das ondas. Quebram sempre no momento em que se enrolam e se abatem com fragor. Mas renascem sempre. O espectáculo que oferecem contém ao mesmo tempo factores de encorajamento e de desespero. Logo que a democracia atinge um certo estádio do seu desenvolvimento, inicia-se um processo de degeneração, adopta um espírito aristocrático, em parte adquire também formas aristocráticas e torna-se idêntica À quilo que em tempos procurara combater. È então que do seu próprio seio se levantam as vozes que a acusam dos privilégios oligárquicos. Mas depois de um período de combates gloriosos e de um período de participação cinzenta na dominação, também estes antigos acusadores acabam por se dissolver na classe dominante. E contudo, contra eles levantam-se uma vez mais novos combatentes pela liberdade empunhando a bandeira da democracia. E não encontra fim este drama que ferozmente se desenrola entre o incansável idealismo dos mais jovens e a incurável sede de poder dos mais velhos*. Sempre novas ondas a rugir no mesmo ponto de rebentação. É esta a marca mais profunda e mais característica da história dos partidos políticos.”

Robert Michels



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