O novo PR e a sua magistratura de influência
É cedo para prognósticos sobre o mandato que o Presidente da República hoje começa. Não podemos ser pessimistas ao ponto de pressagiar um mandato pior do que o anterior, apesar do pouco entusiasmo que a sua eleição despertou e do ressentimento do discurso de vitória.
É verdade que, à semelhança do embaixador da Índia, que teria debitado o discurso do embaixador português se não o interrompessem, também o discurso de posse pareceu a prédica de um comentador televisivo a fazer análise económica, com a certeza de que a solenidade do acto não admitia interrupções.
Algumas vezes pareceu intrometer-se nas funções do poder executivo ao ameaçar «contribuir para a definição de linhas de orientação e de rumos para a economia nacional» mas não podemos esquecer que jurou respeitar a Constituição da República e prometeu ser equidistante do Governo (seja ele qual for, presume-se) e da Oposição (quaisquer que sejam os partidos).
O caso das escutas, de má memória, deve levá-lo a uma prudente independência em relação à luta partidária. Foi pena que iniciasse o mandato sem esclarecer os negócios com a casa da praia da Coelha e as relações com a Sociedade Lusa de Negócios, para evitar que, num período em que precisamos de um PR culto, inteligente e isento, possa haver quem levante dúvidas sobre o mais alto magistrado.
O discurso foi fraquinho e, nalguns casos, preocupante, mas a sua cultura, inteligência e sensibilidade estarão, desta vez, à altura do lugar que ocupa. Assim o esperam os portugueses. Já deu provas da sua isenção na promulgação dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Esperemos que deixe para a História outras promulgações igualmente relevantes.
Felicidades, Sr. Presidente.
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