MNE torna opcional feriado do 25 de Abril


«O 25 de Abril vai deixar de ser obrigatoriamente feriado nas embaixadas, missões bilaterais e serviços consulares portugueses.

O decreto de lei do Governo sobre o novo regime laboral dos trabalhadores daqueles serviços externos do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), que está em discussão na Assembleia da República, determina expressamente que apenas o dia de Natal e o 10 de Junho, dia de Portugal, devam ser feriados» - afirma o SOL.

Paulo Portas, ex-diretor do Independente, presidente, diretor espiritual do CDS, ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, lugar que Mário Soares ou Jorge Sampaio nunca lhe teriam permitido, declarou em 5 de outubro de 2006, a propósito da comemoração da Constituição da República: «A Constituição de 1976 é um erro histórico: atrasou economicamente o país, equivocou-o socialmente e excluiu-o da realidade contemporânea».

Não se podia, nem pode, exigir a Portas o discernimento que evitasse o entusiasmo com que apoiou a invasão do Iraque; a estupidez de atribuir à senhora de Fátima a decisão de afastar de Portugal a maré negra do naufrágio do Préstige; a insensatez de encomendar dois submarinos (um para subir, outro para descer) quando as condições financeiras do País se tinham deteriorado e a Nato os considerava escusados; o disparate de confundir a condição de ministro da Defesa com a de parente da Irmã Lúcia a cuja missa de familiares assistiu.

Portas não é um epifenómeno da nostalgia salazarista, é um demagogo inteligente, um reacionário perigoso e um poço de ambição política.

As razões antigas do nosso atraso estão bem diagnosticadas nas «Causas da Decadência dos Povos Peninsulares», de Antero de Quental, e as recentes, numa ditadura de meio século, na guerra colonial, no ensino reduzido para 3 anos de escolaridade para as meninas e 4 para os meninos, no analfabetismo, na mortalidade infantil e na emigração que o Salazarismo provocou.

Para Paulo Portas, talvez a Constituição autoritária de 1933 tivesse colocado Portugal na vanguarda dos mais civilizados países da Europa, mas foi o contrário que aconteceu. Portas não tem o carisma de Le Pen, nem a fortuna de Berlusconi. Portas nasceu numa época diferente de Hitler, Mussolini, Salazar, Franco e Pétain. Portas só pode resignar-se a ser o mordomo empertigado de um qualquer líder do PSD.

É este o drama de quem tem um passado suspeito, um presente desprezível e um futuro indecoroso. O ódio ao 25 de Abril, a nostalgia do salazarismo e a vingança contra a democracia, estão aí na ignóbil proposta de retirar o dia da Liberdade do calendário das delegações diplomáticas.

Portas é um equívoco histórico, um erro de casting num país europeu e democrático.

Comentários

Faltou referir no currículo do sujeito, quando desgraçadamente foi ministro da Defesa, a sua gloriosa expedição naval contra o chamado "Barco do Aborto", que levou a que Portugal passasse pela vergonha de ser condenado pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.

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