Associação 25 de Abril - Moção


Moção

Um decreto-lei do governo, que está em discussão na Assembleia da República, determina que para trabalhadores das embaixadas, missões bilaterais e serviços consulares portugueses o 25 de Abril deixe de ser feriado obrigatório.

Apenas o 25 de Dezembro, dia de Natal e o 10 de Junho, Dia de Portugal, serão feriados obrigatórios.

Os restantes feriados, sem ultrapassar nove, entre os feriados portugueses e os do país onde a missão está instalada, serão escolhidos pelos chefes da missão.

Tendo em atenção que as embaixadas são território nacional, não deixa de ser surpreendente que alguém pretenda, por esta via, suprimir o Dia da Liberdade e impedir que trabalhadores portugueses possam comemorar o dia fundador da nossa Democracia.

De há muito que está claro que o actual governo de Portugal pretende acabar com tudo o que cheire a 25 de Abril!

A sua intenção revisionista tem vindo a ser mascarada, com argumentos de “dívidas e memorandos” que têm servido de justificações para as alterações de natureza económica, mas principalmente social, que têm vindo a impor ao país.

Com as muito nefastas consequências, que todos vimos sentindo na pele.

Pois bem, as máscaras começam a cair e coube ao ministro dos Negócios Estrangeiros o primeiro acto a descoberto.

Com esta iniciativa, torna-se claro que se prepara a abolição do 25 de Abril como feriado nacional. Não é, no fundo, surpreendente. Era claro que já a anterior abolição dos feriados do 5 de Outubro e do 1.º de Dezembro, comemorativos da Revolução Republicana e da independência nacional, visava preparar o terreno para a supressão da memória dos principais acontecimentos históricos que estão na génese do Estado independente, livre e democrático, do Estado de Direito que hoje temos em Portugal e são a base da luta dos portugueses contra o desígnio mais vasto e inconfessado de quem está hoje no exercício do poder, que é o da substituição do regime democrático conquistado com o 25 de Abril por um outro tipo de regime, mais ou menos autoritário.

Contra isso, contra a destruição do Portugal de Abril, lutaremos sem desfalecimentos.

É nesse sentido que a Assembleia-Geral da Associação 25 de Abril, reunida a 15 de Dezembro de 2012, por unanimidade:

1. Repudia com veemência tal atitude revanchista e indigna do país que somos e dos cidadãos que prezam e honram a Liberdade e a Democracia que conquistámos, a 25 de Abril de 1974.

2. Apela a todas as organizações cívicas e aos cidadãos em geral, que se reclamam da Liberdade, da Democracia e da Justiça Social, a uma mobilização e luta pela não aprovação deste desejo do governo.

3. Apela à consciência dos deputados da Assembleia da República, que têm o dever de se opor a medidas que tendam a pôr em causa o regime democrático, a que não aceitem e aprovem a medida da supressão do 25 de Abril como feriado nacional, em todo o território de Portugal, que inclui, evidentemente, o das suas embaixadas e outras representações diplomáticas.
Outra atitude manchará inexoravelmente a sua acção, tornando-os responsáveis pela consumação de um acto verdadeiramente anti-patriótico.

Lisboa, 15 de Dezembro de 2012

Comentários

e-pá! disse…
O decreto-lei poderá, ainda, ser alterado.
Com este Governo - que tem um primeiro-ministro que perora sobre a 'guerra do ultramar' - torna-se incompreensível o 10 de Junho não passar a ser designado pelo 'Dia da Raça'...

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides