Notas Soltas - dezembro/2012
1.º de Dezembro – A extinção do histórico feriado revela a falta
de patriotismo de quem o decidiu e a ignorância do valor simbólico desta data
para o velho País que a crise económica, política e social ameaça na sua
identidade.
PCP – O XIX Congresso foi uma manifestação apoteótica de um
partido fiel aos princípios, coerente com a origem e apoiado na revolta que alastra.
À aliança com outros partidos prefere ficar orgulhosamente só, à espera de
amanhãs que cantem.
Banco Alimentar Contra a Fome – A ação meritória, num momento
de graves e generalizadas carências, é esbanjada pela subnutrição mental da sua
presidente, Isabel Jonet, que prefere a caridade à solidariedade. É a opção de
classe.
RTP-2 – A extinção do programa “Câmara Clara”, em canal público
aberto de televisão, é o insulto que traz à memória a afirmação de Paul Joseph
Goebbels, ministro da Propaganda Nazi: “quando oiço falar de cultura… puxo logo
da pistola”.
Egito – A opção do novo presidente pela sharia, após eleições democráticas, condena os egípcios à teocracia
fascista. Só restava como alternativa o golpe de Estado que impusesse uma
ditadura laica. Venceu o fascismo pio nas urnas e nas mesquitas.
União Europeia – Merece o prémio Nobel da Paz, mas foi errado no
tempo e nas pessoas. Foi deprimente ver um cúmplice da invasão do Iraque a
exibir o galardão.
Desemprego – Ao reduzir as indemnizações de 20 para 12 dias,
por cada ano de trabalho, o Governo não facilita o emprego, apenas torna mais
dramática a vida dos que diariamente veem os seus postos de trabalho extintos.
É uma questão ideológica.
S.N.S. – O aumento brutal das taxas moderadoras, associado à redução
da comparticipação nos medicamentos e nos transportes, vai tornando inacessíveis
os cuidados médicos e abandonando o País à caridade.
EUA – O assassínio de dezenas de crianças por um louco do país,
onde as armas se banalizaram por direito constitucional, revela que, tal como
na pena de morte, a maior potência mundial é um país doente e em declínio.
Venezuela – Com Hugo Chavez doente e ausente em Cuba, o seu
partido logrou vencer em 20 dos 23 estados que elegeram novos governadores e
parlamentos regionais. As eleições foram, mais uma vez, limpas e justas. Há
quem não goste do estilo. É a vida.
EUA – O presidente Obama, que muitos se esforçam por considerar
igual ao adversário derrotado, está na vanguarda da luta contra o lóbi das
armas. Resta saber se, numa sociedade enferma, que pretende armar os
professores, pode vencer o status quo.
Privatizações – O encaixe da venda das empresas estratégicas
representa cerca de 2% da dívida pública. Não é, pois, o valor, a preço de
saldo, que determina o Governo, é a agenda ideológica perversa de governantes de
suspeita idoneidade.
TAP – O malogro da privatização pôs a nu a opacidade do
negócio, a pressa e a impreparação dos intervenientes. Só ficaram por
esclarecer os interesses que a operação escondia e quem os patrocinava.
OE-2013 – O presidente da República procedeu bem em não pedir a
fiscalização preventiva mas não podia, outra vez, evitar o envio para o T.C.. Haverá
reincidência na inconstitucionalidade permitida, em 2012, a título excecional?
A.R. – A aprovação da proposta do Governo, de pagamento em
duodécimos de metade dos subsídios de férias e de Natal no setor privado, é um expediente para iludir
o brutal aumento de impostos e um ensaio para abolir esses subsídios.
Finanças – Vítor Gaspar fez publicar uma portaria no dia 28/12
em execução de uma lei sem número, supostamente de 31/12 e que seria a Lei do
Orçamento de 2013. O desprezo pelo PR, que podia vetá-la, antecipou a decisão
de Cavaco.
Saúde – O secretário de Estado, Leal da Costa, considera que os
portugueses têm a obrigação de garantir a sustentabilidade do S.N.S.,
prevenindo doenças e recorrendo menos aos serviços. Julga que se adoece como se
dizem tolices. Quando se quer.
Guiné – É desolador ver o espaço que, no passado, foi a
vanguarda da luta contra o colonialismo, convertido num Estado inviável,
dilacerado pelo tribalismo, e onde grassam a miséria, a corrupção e o
desespero.
Antissemitismo – A Hungria lidera a vanguarda do retorno ao
nazismo, com o populismo e a demagogia a cevarem a extrema-direita. A Polónia e
a Roménia seguem-lhe os passos. O Holocausto foi esquecido e os povos não têm
memória.
Vaticano – Findou o usual apoio eleitoral a Berlusconi, através
de milhares de púlpitos italianos. L'Osservatore Romano optou agora por Mário
Monti, mais casto.
Associação 25 de Abril – O seu presidente, Vasco Lourenço, fez
acompanhar o recibo de 12.494,46 €, oferta da Comissão Promotora do Monumento
ao 25 de Abril, em Almeida, com uma carta de agradecimento em nome da A25A.
Monumento ao 25 de Abril em Almeida – O «Referencial», revista
da A25A, elogia a qualidade estética e enaltece justamente a Câmara Municipal e
o seu presidente, António Batista Ribeiro, pela grande valor simbólico e
espírito democrático da decisão.
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