Cavaco Silva, o 25 de Abril e os problemas de memória
O 25 de Abril vai ser comemorado pelo PR com uma conferência
internacional centrada no espírito da democracia, a cultura do compromisso e os
desafios do desenvolvimento.
Dos três “D” do programa do MFA (democratizar, descolonizar
e desenvolver) não será abordada a descolonização, o único “D” irreversível.
Cavaco, ao comemorar o 25 de Abril, à margem dos militares
que o fizeram e do povo que o aclamou, traz à memória a decisão de atribuir a
dois pides a pensão que negou a Salgueiro Maia. Deve ter esquecido essa decisão
com a mesma desmemória com que esqueceu o local onde fez a escritura da casa da
Coelha, e o modo de pagamento das ações da SLN.
A dificuldade de Cavaco não reside no carácter, é um problema
de memória. Só quem se esqueceu do desprezo por Mandela, em 1987, a votar, ao
lado de Reagan e Thatcher, e, em 1989, da indiferença pelas crianças vítimas do
apartheid, podia agora aceitar os encómios que os assessores lhe escreveram, para
enviar ao presidente da África do Sul, e os três dias de luto nacional que o
seu Governo decretou.
Cavaco recusou
participar na homenagem a Melo Antunes no Colóquio na Gulbenkian, que
contou com a participação ativa dos anteriores PRs, Ramalho Eanes, Mário Soares
e Jorge Sampaio, em 2009, para assinalar o 10.º aniversário da sua morte,
certamente por ter esquecido quem era o referido militar, intelectual e
patriota ou por desconhecer o seu papel relevante na Revolução de Abril.
Cavaco sofre de amnésia seletiva e, a comemorar o 25 de
Abril, parece um muçulmano a celebrar a Festa da Cerveja, em Munique, com igual
convicção e entusiasmo.
Comentários
Uma vez que a pátria decidiu um dia cair-lhe de surpresa nos braços... ele serviu-se. É normal e é tudo.
Para nossa sorte, a primeira decisão política que tomou, acertada para ele e mais uns quantos e péssima para o País, foi ir fazer a rodagem de um Citroen ao Congresso do PPD na Figueira da Foz. Se tivesse ficado a dar aulas, quem sabe ?, seria um “expoente” na teoria económico-financeira neoliberal, a escrever tratados, a arriscar um prémio Nobel??? Assim, fica na história como chefe de governos onde se desenvolveram os embriões mais desonestos da Nação; e derreteu paletes de dinheiro com que a Europa anestesiou todo um povo.
Tão seleto! Quando viu a coisa a aquecer retirou-se deixando o pobre Nogueira a esturricar para arrumar os tarecos.