Tomada de posse em Madrid




A ‘Madrid imperial franquista’ com o Arco da Vitória e o opulento edifício de Ministério do Ar foram marcas heráldicas inscritas pelos falangistas na zona de Moncloa, alguns anos depois de - em 1939 - terem ‘reconquistado' a capital castelhana num dos episódios mais sangrentos da guerra civil espanhola que foi a chamada ‘Batalha de Madrid’.
Hoje, embora a situação política degradada gerada pelas medidas do Governo de Mariano Rajoy tenha devastado a capital no campo económico e social não permite falar de uma (nova) Batalha de Madrid mas sim de uma límpida 'Campanha por Madrid'. 

Todavia, este desfasamento histórico não retira significado ao acto ontem vivido e a entrada de Manuela Carmena no Palácio Cibeles (actual sede do Ayuntamento madrileno) em resultado de eleições municipais recentes tem um vasto conteúdo emocional e faz história. Quanto mais não seja derruba, pela vontade popular, uma longínqua dinastia de políticos de Direita que 'conquistaram' sucessivamente a capital do reino, ‘apesar’ do comprometimento histórico com o franquismo dos seus alcaides e, uma vez instalados aí, o seu maior afã foi servir os grandes grupos económicos e financeiros e o seu mister quotidiano a corrupção. 

Depois do interregno (1979 a 1986) protagonizado por Tierno Galván, do PSOE, que morreu no exercício de funções, a Câmara de Madrid foi um baluarte político da Direita e até afectivo. Para aí foram destacados ‘pesos-pesados’ da Direita, inclusive Ana Botella a mulher de Aznar (ex-presidente do Governo) que, cautelarmente, não se recandidatou nas últimas eleições.
Madrid foi durante anos a fio (mais de 2 decénios) a praça-forte do PP e um elo estratégico da política espanhola. 

A tomada de posse no último sábado de Manuela Carmena que foi à urnas pelo ‘Ahora Madrid’ (Podemos) conseguindo uma expressiva votação foi, ontem, apoiada pelo PSOE, conseguindo garantir a maioria democrática e derrotar a Direita, tem um tremendo significado político. 

Associando este facto à tomada de posse de Ada Colau, em Barcelona, estamos perante um verdadeiro ‘terramoto político’ que não deixará de ter réplicas nas eleições gerais próximas já que, finalmente, a Esquerda parece ter entendido que aos povos de Espanha não basta a realização (imposição) de ajustamentos económicos e financeiros e é imperativo a eliminação do défice político e de cidadania para obter bons resultados sociais (justos, equitativos e verdadeiramente democráticos).

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