Almeida Santos – o democrata, intelectual e político
A um mês de completar noventa anos, faleceu o republicano antifascista com militância ininterrupta desde há 70 anos.
O defensor de presos políticos e implacável opositor à ditadura salazarista/marcelista foi um proeminente político desta segunda República. Governante, parlamentar, legislador, foi na oratória um digno sucessor do padre António Vieira, na feitura das leis um émulo de Mouzinho da Silveira e Afonso Costa e na dedicação à República o exemplo que fica de uma vida que valeu a pena.
Exímio no canto e na guitarra, também aí se tornou a referência que perdura na Coimbra que nunca saiu de si.
Faleceu um notável homem de Estado, um príncipe renascentista da política, um escritor imaculado, na gramática e nas ideias, e dele pode dizer-se que se cumpriu.
A sua dimensão cívica é dificilmente comparável. Foi um privilégio tê-lo conhecido, foi uma honra tê-lo ouvido, é um dever exaltar a memória de um nome enorme da cultura, da política e da luta antifascista.
Não me curvo perante o homem que nos deixa, não faço silêncio pelo seu passamento, aplaudo-o de pé e grito: Viva Almeida Santos!
Comentários
Lutou contra a ditadura salazarista e marcelista, trabalhou pela emancipação dos povos colonizados e no pós 25 de Abril colaborou com empenho e competência na construção do edifício democrático que habitamos.
Mostrou (ou demonstrou) ser, parafraseando um amigo de(o) café, "um homem com Idade Média"...isto é, com uma sólida e profunda bagagem (carga) democrática, cidadã, social e cultural.