Ramalho Eanes referiu como trágica a descolonização em que «milhares de pessoas foram obrigadas a partir para um país que não era o seu». Tem razão o ex-PR cujo papel importante na democracia e o silêncio o agigantou depois da infeliz aventura por interposta esposa na criação do PRD e da adesão à Opus Dei, sempre por intermédio da devota e reacionaríssima consorte, que devolveu o agnóstico ao redil da Igreja. Eanes distinguiu-se no 25 de novembro, como Dinis de Almeida no 11 de março, ambos em obediência à cadeia de comando: Costa Gomes/Conselho da Revolução . Foi sob as ordens de Costa Gomes e de Vasco Lourenço, então governador militar de Lisboa, que, nesse dia, comandou no terreno as tropas da RML. Mereceu, por isso, ser candidato a PR indigitado pelo grupo dos 9 e apoiado pelo PS que, bem ou mal, foi o partido que promoveu a manifestação da Fonte Luminosa, atrás da qual se esconderam o PSD e o CDS. Foi nele que votei contra o patibular candidato do PSD/CDS, o general Soares...
Comentários
Estava lá , digamos, numa situação de "favor" que deveria (não teria, mas deveria), obrigatóriamente, terminar com a disputa partidária a que se submeteu.
Hoje, lider da oposição, penso que deverá regressar ao Conselho de Estado, com outro estatuto.
Entretanto, fez uma opção carregada de um grande impacto ético.
Pode parecer o mesmo, mas não é.
Se acacbar por regressar como um dos 5 membros eleitos pela AR, dado ser a lider do maior partido da oposição, será, por ventura, uma conselheira que estará de direito próprio, aparentemente mais responsável e também mais livre. Se quiser, quando quiser, ou se for necessário, manterá uma total independência do PR. Transfere uma relação pessoal para outra ao nível institucional, mais consentânea com os ditâmes da República.
Nada disto significa que actualmente se movimente num circuito de dependência. Mas uma coisa é estar num sitio por eleição de um orgão de sobrerania representativo do Poder Legislativo, outra será ser uma escolha pessoal e arbitrária (de um orgão unipessoal).
Um bom passo político, mas não cometeu nenhum parricídio (político).
Sócrates deve lembrara-se no dia a dia da governação que MFL continuará a gravitar na órbita de Cavaco e Silva. Não se "soltou" para o espaço.
Por isso, a "renúncia" é um aviso a Socrates, quanto ao posicionamente das personalidades políticas.
Substancialmente diferente do que foi até aqui.
PS - vai aparecer nos mídia Vitalino Canas a dizer que este gesto não tem qualquer significado e em próxima oportunidade, como está na lei (ele relembra sempre isso!), o PR nomeará outro conselheiro.
Que poderia ser o próprio Vitalino no impagável papel do queirosiano Conselheiro Acácio...