Acordo ortográfico

Os adversários da ortografia acordada já não serão vivos na assinatura do futuro tratado que necessariamente há-de ocorrer na sã tentativa de unificar a língua que todos os dias assimila novos termos. O pragmatismo acaba sempre por vencer a vontade dos puristas e a argumentação dos eruditos.

Os adversários mais truculentos das novas alterações não dizem o que pensam das anteriores e qual o critério que usam para definir a transformação de um vocábulo corrente em arcaísmo.

Estes zeladores da pureza idiomática lembram fidalgos arruinados a exibirem o brasão de família com as calças puídas na albarda de um jerico, depois de lhes minguarem as posses para ataviarem um cavalo puro-sangue.

Sendo a obsessão pelos costumes mais forte do que o pragmatismo, surpreende que a cruzada fique pelas últimas alterações e que os paladinos não tercem armas pelo português arcaico.

Comentários

WV:

Bem-vindo em defesa da nossa língua comum.
jrd disse…
Que nunca a voz e a "escrita" te doam.
Um abraço
ana disse…
Numa época em que a nossa língua é atacada diariamente e sem dó por todos os órgãos de CS, com especial destaque para as televisões, não se compreende por que razão os adversários da nova ortografia se preocupam tanto com o futuro e tão pouco com o presente. Seria bem mais vantajoso, para já, pedir aos responsáveis alguma exigência no que respeita, por exemplo, à contratação de locutores, autênticas máquinas de destruição da língua. Eles conferem o tempo e o trânsito, albaroam carros, despoletam situações, noticiam seqüestros.E ninguém diz nada.
Como resulta do que já aqui disse várias vezes, concordo inteiramente com o post. Não se trata de "puristas da língua", que pouco tem a ver com a ortografia; trata-se de puros defensores do que está, só porque está!
Graza disse…
É urgente reflectir e ajudar os outros a pensar esta nova aventura da Língua Portuguesa, porque a matéria é quase nova para todos, e muitos dos que aqui andam têm grandes capacidades para enrriquecer este debate. Sou dos que entendo perfeitamente a posição dos opositores do Acordo, como entendo a dos que são favoráveis. Estou numa fase em que procuro ter a certeza que não vou perder a neutralidade para o lado errado e estas transições deverão estar a acontecer também por aí. Nada disto deve ser feito em clima de guerrilha porque só caustica posições. Para guerras já nos bastam as de alecrim e manjerona da nossa política caseira e agora as do Porto e Benfica por causa dos apitos e dos Cristianos Rodriguez. Ou a nossa Pátria não é Língua Portuguesa? É verdade que que há por aí muitos defensores “...do que está só porque está”, mas também é verdade que para os puristas, que defenderam e fizeram da sua vida a defesa da Língua , não deverá ser apenas uma questão de teimosia

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides