Argélia condena liberdade religiosa
Aqui ao lado da Europa, na outra margem do Mediterrâneo, acabam de ser condenados quatro argelinos por conversão ao cristianismo. A falta de liberdade religiosa é um fenómeno generalizado que se agrava sempre que as religiões têm influência no aparelho de Estado.
Quatro argelinos a quem é recusada a cidadania (não há cidadania sem liberdade) foram condenados a prisão por se terem convertido ao cristianismo e tiveram de negar que participaram numa missa quando foram presos, porque é crime assistir à missa, rezar sem ser virado para Meca ou obedecer a outro profeta que não seja Maomé.
Mas que mundo é este em que cada um não é livre de testemunhar as suas crenças e praticar os rituais sem medo das consequências?
A separação da Igreja/estado não é um acto hostil às religiões, é o estatuto que defende a liberdade de todos, a vacina contra o espírito totalitário de quem não deixa que alguém se liberte do credo em que foi criado.
A laicidade do Estado é um seguro de vida contra o proselitismo.
Quatro argelinos a quem é recusada a cidadania (não há cidadania sem liberdade) foram condenados a prisão por se terem convertido ao cristianismo e tiveram de negar que participaram numa missa quando foram presos, porque é crime assistir à missa, rezar sem ser virado para Meca ou obedecer a outro profeta que não seja Maomé.
Mas que mundo é este em que cada um não é livre de testemunhar as suas crenças e praticar os rituais sem medo das consequências?
A separação da Igreja/estado não é um acto hostil às religiões, é o estatuto que defende a liberdade de todos, a vacina contra o espírito totalitário de quem não deixa que alguém se liberte do credo em que foi criado.
A laicidade do Estado é um seguro de vida contra o proselitismo.
Comentários
A Argélia era um deles.
Nada disso aconteceu. Os que tinham petróleo ou gás natural, mais uma vez a Argélia está neste grupo, iniciaram-se um processo de saque e corrupção. Elites civis tribais ou militares (caso da Argélia), passaram a desfrutar descaradamente dos frutos das suas enormes riquezas petrolíferas.
Isso só foi possível com a construção de uma hipotética unidade árabe ( ou uma associação petrolífera mafiosa) – A Liga Árabe nunca se entendeu em questões essenciais – um pacto de solidariedade cujo denominador comum, mais fácil e mais agregador, era a religião.
Nascem então os regimes islâmicos e a doutrina politica social e religiosa confunde-se, baralha-se, abrindo espaço a um fundamentalismo, nunca visto.
No final do século XX, o desenvolvimento carrega importantes ameaças aos dirigentes que vivem num fausto impressionante à custa de bens, em princípio, públicos. É nessa altura que se acentua o miscigenado total e perverso entre política e religião, acentuando o carácter fechado e fundamentalista destes Países.
Acossados pela civilização que, entretanto, tinham virado ostensivamente as costas, viram-se para a violência.
Diversos tipos de violência surgem. Desde os atentados em massa à coacção das mais simples liberdades individuais, tudo cabe.
Os 4 argelinos condenados por conversão ao catolicismo, integram este, grande e diversificado, esquema de violência. Que é múltiplo. Primeiro a total ausência de liberdade religiosa, logo a seguir uma incansável perseguição às minorias (neste caso também religiosas) e nasce a par do fundamentalismo islâmico um outro culto o do sectarismo.
Um mundo que já ocupou importante papel, chegou a ser um motor da civilização mediterrânica, a caminhar apressadamente para o abismo.
A incompatibilidade entre a religião e os princípios democráticos não está na religião. Essa incompatibilidade é subsidiária dos fundamentalistas.
Quando olho para o Mundo Mulçulmano, quando vou ao Norte de África e falo com aquelas gentes, gosto de cultivar uma réstea de esperança. Os argelinos têm orgulho nas suas tradições árabes e antes disso na sua cultura berbere.
Sabem que ambas – tradição e cultura - precisam de evoluir nomeadamente no que diz respeito à condição feminina. Eles já se aperceberam que as mulheres são indispensáveis para o seu desenvolvimento. Mas o atraso e a intolerância matam. E os avanços nestas condições são muito difíceis.
Entretanto lidamos com situações de proselitismo, em pleno séc. XXI.
Não desisti de tentar perceber e combater esta barbárie, se possível, lado a lado, com estes “encurralados” magrebinos. Encurralados pela cultura e pela religião, mas seres que procuram a liberdade (ou a libertação).
Os berberes eram agnósticos. Foram islamizados à força.
Eu não falei da "religião berbere".
O que destaquei e salientei foi a cultura berbere, que como sabe, é um dos modelos de estudo das populações nómadas, pouco dadas a religiosidades.
De facto, mais tarde foram islamizados. Apareceram na Ibéria como "mouros".
Pinto da Costa nunca gostou deles...
Acocoram-se à volta da mesquita e perderam a sua identidade.
Hoje, os árabes cultos consideram este processo culturalmente calamitoso. No aspecto religioso reservam-se...
Não vejo contradição entre o meu breve comentário e o que o e-pá escreveu com o que, aliás, estou de acordo.
Apenas aclarei, ou quis aclarar, um dado histórico.