Irlanda - União Europeia em perigo (2)

Por

E-pá

Não considero nenhuma tragédia uma eventual (estamos nesse domínio) rejeição do Tratado de Lisboa pelos irlandeses.
Acabo de ouvir o 1º. Ministro irlandês fazer duas afirmações que considero preocupantes:
1º. Não entende o tratado já o que o mesmo se encontra escrito numa linguagem jurídica que ele considera impenetrável;
2º. Não conseguiu ler a totalidade do tratado, porque se o próprio documento, já é impenetrável, os anexos são autênticas charadas jurídicas, também insondáveis.

Portanto, aprovar um Tratado nestas circunstâncias é tudo menos um exercício democrático. Será dar “carta branca” a um grupo de elite europeia e eles que façam o que quiserem com o articulado aí constante.

Se a Irlanda, não o aprovar, será necessário re-escrevê-lo. A minha esperança é que a existir um próximo, ele seja substancialmente diferente. Um texto compreensível e legível para TODOS os europeus.

CE: não é legítima a conclusão que a rejeição do Tratado de Lisboa represente para mim uma “indisfarçável satisfação”.

Sou um europeísta de convicção. Mas o que estamos a tratar é diferente. Tive o cuidado de evocar o Tratado de Maastricht, em 1992, que se orientou no sentido da criação de uma “Europa dos Povos” e na instituição da “cidadania europeia”.

É aí que estou. É aí que aguardo um mais compreensível documento Não consegui digerir o Tratado de Lisboa, e aí estou como o 1º. Ministro irlandês. Não o consegui ler!

Em minha opinião – se tal acontecer – os irlandeses não vão rejeitar o tratado. Simplesmente não votarão a favor de uma coisa que não entendem. Não podem ser acusados por isso. Os franceses e os holandeses também não o foram.

Ora, CE, votar no desconhecido também lhe devia meter, como diz no seu comentário, “frustração e medo”.

Prefiro atrasar o percurso, mas ser cidadão europeu de pleno direito. Isto é, compreender claramente as razões porque optei por essa posição e saber os argumentos porque a defendo.

Não alinho em falsas honrarias. Pode ser gratificante haver um Tratado Europeu com o nome de Lisboa. Mas CE, nunca se esqueça que a estratégia deste documento construído em Lisboa, parte de uma inspiração liberal de Nicolas Sarkozy. E não quero acrescentar mais…

Ao fim e ao cabo, recordo-me com reverência e respeito de europeus com a envergadura, p. exº., de Jacques Delors

Comentários

e-pá! disse…
Em jeito de adenda e, ainda, reflectindo sobre o caso irlandês, veio-me à memória:

"Políticos locos guían a las masas, que les dan sus ojos para no ver lo que pasa"...

(do grupo basco "La Polla Records" que tem obtido em toda a Espanha um imenso êxito.)

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