Momento de poesia
Adeus
São estes versos de adeus
Os versos da despedida
De um tipo que larga a vida
Sem querer graças de Deus.
São uns versos de um suicida
Que se mata lentamente
Somando aos anos de vida
O tabaco e a aguardente.
Isto não tem importância,
É simples pretexto
Para redigir um texto
Em termos de consonância.
Porque um homem a valer
Mas eu, enquanto me mato
Em alcoólica vigília.
Vou compondo o meu retrato
Para o álbum da família.
Quero ser rememorado
Pelos netos que não tive
Como herói maltratado
Que assim morre e sobrevive.
Como um Cristo irremissível
Que consolasse os ateus,
Mostrando como é possível
Viver e morrer sem Deus.
Armando Moradas Ferreira
É aquele que se contém
Sabendo que vai morrer
Sem dizer nada a ninguém.
.
Armando Moradas Ferreira
*
Nota: Armando Moradas Ferreira foi um alto quadro do Estado que nos disse adeus, há anos, e que foi, sobretudo, um homem de rara generosidade e cativante simpatia.
Tê-lo conhecido e convivido com ele no desaparecido café Nova York, ter mantido longas conversas e frequentes convívios nas tertúlias que espontaneamente aconteciam em sua casa, foi um raro privilégio, por ele e pelos amigos que reuniu à sua volta.
A Marktest, com a generosidade e sensibilidade que caracterizam o ser director-geral, amigo do falecido veterinário e homem de cultura, editou-lhe um livro de poemas, parte do espólio que jazia numa arca que a viúva guardou.
Foram esses poemas que o Ponte Europa se orgulha de ter publicado semanalmente até se esgotarem. Esta é a última quarta-feira de poemas do autor mas a saudade dele estará nos dias que ainda houver.
Tê-lo conhecido e convivido com ele no desaparecido café Nova York, ter mantido longas conversas e frequentes convívios nas tertúlias que espontaneamente aconteciam em sua casa, foi um raro privilégio, por ele e pelos amigos que reuniu à sua volta.
A Marktest, com a generosidade e sensibilidade que caracterizam o ser director-geral, amigo do falecido veterinário e homem de cultura, editou-lhe um livro de poemas, parte do espólio que jazia numa arca que a viúva guardou.
Foram esses poemas que o Ponte Europa se orgulha de ter publicado semanalmente até se esgotarem. Esta é a última quarta-feira de poemas do autor mas a saudade dele estará nos dias que ainda houver.
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