A crise, o desespero e a violência
Penso que um módico de racionalidade e alguma contenção dos
que ainda sobrevivem sem lhes faltar o essencial, é o mínimo que se pode exigir
a quem enjeita a política de terra queimada e o quanto pior, melhor.
Um cerco à Assembleia da república não é uma manifestação, é
uma provocação. Os órgãos de soberania que, se as eleições fossem hoje, teriam
uma composição ou titular diferentes, continuam a representar a legalidade.
Combatê-los pela palavra, desmascará-los e mostrar-lhes a
nossa indignação é um dever de cidadania e um direito constitucionalmente
consagrado. Ameaçá-los ou agredi-los é um caso de polícia. Podemos compreender
o desespero de muitos mas não a instigação de alguns para quem a democracia
representativa é um mero entrave e a manifestação de um espírito burguês.
O maniqueísmo dos que veem no seu partido, clube ou religião
a verdade absoluta é um fator de intolerância que torna impossível a
convivência cívica dentro do pluralismo que tão difícil foi de conquistar.
Procuremos ser bombeiros e não incendiários. Sem deixar de
combater o Governo que temos, não aceito o recurso a atos antidemocráticos para
o derrubar. Começo por deixar aqui o meu protesto contra os que apelam à
violência e, sobretudo, aos que a utilizam. Apesar de tudo ainda vivemos em
democracia e não se esgotaram os mecanismos legais de luta política.
Tenhamos juízo.
Comentários
Há que estar prevenido contra este "reverso da medalha".