GASPAR VOLTA A ATACAR

Uma das grandes virtudes da democracia é que os governantes têm de ter um mínimo de respeito pelos cidadãos, que os elegeram e de cujo voto dependem para se manterem em funções.

Esta regra não se aplica porém ao Professor Doutor Vítor Gaspar, ministro da Troika e dos Mercados, que nunca foi eleito para nada, não vive em Portugal e, segundo creio, nem sequer está filiado em nenhum partido. A sua vida e os seus interesses não estão em Portugal, mas sim nos meios da alta finança internacional. A sua sorte não está ligada à nossa sorte. Por isso se permite espoliar-nos, insultar-nos e até tratar com sobranceria o próprio Presidente da República (da República Portuguesa, entenda-se; já não se atreve a fazer o mesmo com os presidentes, chanceleres ou chancelerinas de potências estrangeiras mais fortes).

Gaspar foi destacado pela Troika como uma espécie de administrador de insolvências, cuja função é administrar a “massa falida” para proteger os interesses dos credores e não os do devedor.

Não defendo que Portugal deixe de pagar o que deve. Mas há várias maneiras, condições, taxas de juro e prazos possíveis para pagar. Um verdadeiro ministro das Finanças de Portugal tem por missão defender os interesses de Portugal junto dos credores e não os interesses dos credores junto de Portugal. Ora Gaspar e o Governo de que é Super-Primeiro Ministro vêm fazendo exatamente o contrário. E, não contentes com isso, ainda insultam os portugueses.

Agora Sua Luminária vem dizer que os portugueses (e ele, significativamente, não se inclui entre estes) não querem pagar mais impostos e querem ter mais benefícios sociais.

Quer com isso significar que os impostos que pagamos não chegam para pagar o Estado Social que temos. Só se “esquece” de dizer que a culpa disso é dele próprio e da sua política. Ele é que lançou conscientemente na falência milhares de pequenas e médias empresas, que assim deixaram de pagar IRC; ele é que lançou dolosamente no desemprego dezenas de milhares de portugueses, que assim deixaram de pagar IRS e passaram a receber subsídio de desemprego; ele é que agravou incompetentemente as taxas de IVA, por forma tão desmesurada que o consumo se retraiu drasticamente e a receita desse imposto diminuiu.

Ao contrário do que diz Gaspar, os trabalhadores querem pagar mais impostos; mas para isso seria preciso que o governo não lhes tirasse o emprego e o salário. Os pequenos e médios empresários querem pagar mais impostos; mas para isso seria necessário que o governo os deixasse trabalhar e ganhar dinheiro, não lhes asfixiando as empresas.

Há pois em Portugal uma enorme reserva de potenciais contribuintes, ansiosos por pagar impostos. Assim o governo os deixasse trabalhar!

Comentários

mensagensnanett disse…
SAQUEAR OS CONTRIBUINTES PARA DAR A AGIOTAS
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-> Os contribuintes são saqueados [e existem cortes no Estado Social]... para... pagar juros a agiotas!
{Blog POLITEIA: «E a primeira alternativa que temos de pôr em prática é a erradicação da OBSCENA VERBA de mais de 9 mil milhões de euros - que está inscrita no Orçamento de Estado - para pagar o serviço da dívida... tem de ser substituída por uma verba incomparavelmente menor.»}
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-> Pagar juros a agiotas [PPP´s e não só...], nacionalização de negócios 'maddofianos', etc... quais «Greves Gerais» qual carapuça... o Contribuinte tem é que reivindicar MECANISMOS DE AUTO-DEFESA!
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Exemplo 1: Blog «fim-da-cidadania-infantil» - Direito ao veto de quem paga, vulgo contribuinte.
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Exemplo 2: Os governantes têm de comprometer-se de que têm capacidade para governar... sem... saquear os contribuintes! Assim sendo: emissão de dívida pública... só mediante... uma autorização obtida por meio de um REFERENDO!
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Exemplo 3: A Islândia conseguiu colocar um TRAVÃO nos Credores-esmifradores:
- Islândia: a revolução censurada pelos Media, mas vitoriosa!
Consultar o know-how islandês poderá ser muito útil!
e-pá! disse…
Gaspar não vai aquecer o lugar...

Subir escandalosamente os impostos sobre a generalidade dos cidadãos (incluindo os mais débeis) e, ao mesmo tempo, aparecer a defender cortes nos retornos (especialmente nos sociais) pode basear-se em 'justificações' economicistas, utilitaristas, etc. retiradas de um almanaque académico.
Todavia, politicamente, esta atitude corresponde a um suicídio. Mais cedo do que se julga, no interior do próprio PSD, aparecerá 'alguém' a fazer-lhe a cama. A 'corrosão' não será unicamente entre o PSD e CDS e acabará por instalar-se transversalmente nos partidos que formam a actual maioria que sustenta o Governo.
Mais uma razão para pensarmos em outras soluções...em alternativas.
António Horta Pinto:
Do seu assertivo texto, destaco este certeiro tiro:
"Gaspar foi destacado pela Troika como uma espécie de administrador de insolvências, cuja função é administrar a “massa falida” para proteger os interesses dos credores e não os do devedor.

Não defendo que Portugal deixe de pagar o que deve. Mas há várias maneiras, condições, taxas de juro e prazos possíveis para pagar. Um verdadeiro ministro das Finanças de Portugal tem por missão defender os interesses de Portugal junto dos credores e não os interesses dos credores junto de Portugal. Ora Gaspar e o Governo de que é Super-Primeiro Ministro vêm fazendo exatamente o contrário. E, não contentes com isso, ainda insultam os portugueses".
Não consigo encontrar paralelo na História de Portugal de um governante tão pérfido como Gaspar. Talvez, apenas, o Miguel de Vasconcelos, em 1640. Mas este teve o destino que mereceu...
Um bom post que produziu bons comentários.

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