Reflexões de um leigo sobre a macroeconomia
Sei que muita gente vai sentir urticária, mas eu não esqueço a solidariedade americana na Guerra de 1939/45, nem o seu apoio na reconstrução da Alemanha e o guarda-chuva militar com que protegeu a Europa. E não esqueço a solidariedade alemã para com a Europa do sul e, em particular, para com Portugal, na difícil transição democrática.
Não confundo Helmut Kohl com a Sr.ª Merkel nem Jacques Delors com Durão Barroso.
A inaptidão do atual governo português é fruto da inépcia política dos seus membros, da mediocridade do seu líder e da ambição de Paulo Portas, mas não justifica, só por si, a situação dramática em que nos encontramos, apesar da ousadia de querer fazer do País um laboratório de experiências económicas. Nem a URSS nem o Chile mostraram ser modelos desejáveis.
Não podemos deixar que a luta partidária nos cegue e esqueçamos a crise internacional de que a falência do banco Lehman Brothers foi uma consequência, que a ideologia de Bush consentiu, e não a causa. Foi aí que começou esta crise cíclica do capitalismo que muitos desejamos que não seja a última.
É bom recordar que, face à ameaça da bancarrota europeia, as instituições internacionais que agora nos asfixiam, nos aconselharam, nessa altura, a ignorar o défice para salvar os postos de trabalho, enquanto as rotativas americanas continuaram a fabricar dólares.
A angústia dos portugueses cresce e a explosão social está aí. Não deitemos gasolina no fogo que nos devora. Não podemos dar-nos ao luxo de novas eleições cujo desfecho é imprevisível e certamente inútil.
A crise começou por ser financeira e, depois, económica. Neste momento é política e social sem que os aspetos anteriores tenham recuperado. É urgente um módico de entendimento político para salvar da fome e do desespero milhões de portugueses.
Não é preciso suspender a luta partidária para salvar os mais desprotegidos e preservar a democracia.
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