A "PRENDA DE NATAL" DE CAVACO


O denominado “governo” habituou-se a viver à margem da lei, apoiado numa maioria parlamentar acarneirada e sem escrúpulos. Governa sem o Povo e contra o Povo. Age deliberada e conscientemente contra a Constituição da República, que considera um empecilho que põe entraves às arbitrariedades que pretende cometer e apesar dela comete.


O Orçamento de Estado para o ano corrente foi disso exemplo. Continha graves inconstitucionalidades, que como tal vieram a ser declaradas pelo Tribunal Constitucional.

Mas os “governantes” não têm emenda nem vergonha. O Orçamento para 2013 que apresentaram e fizeram aprovar pela “sua” maioria é manifestamente inconstitucional. Todos os principais constitucionalistas o têm dito repetidas vezes. O governo, ao propô-lo, e a sua maioria, ao aprová-lo, agiram consciente e deliberadamente, bem sabendo que ele contém gravíssimas inconstitucionalidades. Mais: ambos, governo e maioria, sabem que o Tribunal Constitucional vai declará-lo inconstitucional. Mas nem isso os tolhe. Jogam premeditadamente na ideia de que “enquanto o pau vai e vem folgam as costas”. De forma sordidamente calculista, esperam que aquele Tribunal, obrigado a pronunciar-se sobre o orçamento na pior altura, quando este já estiver em plena execução, se sinta obrigado a, declarando a inconstitucionalidade, limitar os seus efeitos, para evitar males maiores.

Havia no entanto alguém que podia evitar que este plano maquiavélico fosse por diante. Era o Presidente da República. Este também não pode deixar de saber que o orçamento contém importantes normas claramente inconstitucionais. Até Conselheiros de Estado o disseram. Dele se esperava que impedisse a malfeitoria. Dele se esperava que, no mínimo, requeresse a apreciação preventiva da constitucionalidade dessas normas, evitando assim que elas entrassem em vigor. Porém optou por não o fazer. O prazo que tinha para o efeito terminou ontem sem que ele agisse.

Cavaco teve até ontem uma boa oportunidade de ser Presidente de todos os portugueses. Não a aproveitou. Preferiu ser apenas presidente da coligação PPD/CDS. Preferiu, como “prenda de Natal”, desferir uma punhalada nas costas do Povo que tinha obrigação de defender.



Comentários

Eu,um simples operário emigrante na Holanda desde 1964 e já velhote (88anos),digo mais uma vez que os cínicos,os hipócritas,os velhacos, os trafulhas,os espertalhões da Alta,da Média,da Pequena Burguesia com destaque para os Vigários de Cristo,mas também gente vivaça da Plebe que sabiam como tirar o melhor partido da Ditadura clerical-fascista do Estado Novo, agora em liberdade e «democracia» e com o liberalismo económico em que cada qual se safa como pode, muito melhor ÊLES,seus apaniguados e «filhos da mesma escola»,muito melhor sabem como tirar o melhor partido desta SITUAÇÃO.Só os bem intencionados ou os palermas como eu,é que foram,são e serão sempre as eternas vítimas.E não esquecer que ÊLES estão a vingar-se do 25 de Abril.
A Pátria-Mãe p'ra mim madrasta/
empurrou-me p'rà emigração/
e maldita seja a Governação/
que Portugal p'rà miséria arrasta.

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