Contas viciosas e viciadas …

Um recente relatório da Comissão Europeia, que - recorde-se - é um dos membros da troika, acha por bem advertir-nos:

O corte de 4 mil milhões de euros na despesa que o Governo irá apresentar à troika pretende "eliminar redundâncias" nas funções do Estado, mas não chega para que o esforço do lado da despesa atinja os dois terços’. link.

Afinal começamos a entender-nos.

A tal ‘refundação’ das funções do Estado – no emaranhado dizer de Passos Coelho – não passa de ‘eliminar redundâncias’.

Depois da recente arenga do primeiro-ministro na TVI sobre a discussão das funções sociais do Estado, ficamos a saber, por exemplo, que a Educação – onde Passos Coelho antevê a possibilidade ‘constitucional’ de promover cortes na despesa pública à custa da criação de ‘propinas’ no ensino obrigatório -  é, afinal, mais uma ‘redundância’ (ao que se julga do próprio).

Vem agora a Comissão Europeia dizer que não está a ser respeitado o ratio entre cortes na despesa e receitas preconizado no Memorando de Entendimento.
Das contas que apresenta a CE - que vamos aceitar como boas – salienta-se que mesmo após o brutal cortes nas despesas de 4 000 M€ (ainda não explicado, decidido ou discutido em sede de concertação social) o mesmo fica aquém do previsto. Isto é, não se atinge os 2/3 de cortes do lado da despesa. Esquece-se de salientar que o ratio encontrado pela CE (calculado em 60%) se faz à custa de ‘enorme’ aumento de impostos (Gaspar dixit) que, como tem sido sublinhado por muita gente responsável, vai afogar as empresas, as famílias, enfim, fazer a Economia portuguesa entrar em irreversível colapso.

Trata-se, como é óbvio, de ‘contas viciadas’. E o círculo vicioso que se pretende estabelecer é o seguinte: aumenta-se os impostos enormemente para gerar receitas imediatas (o que funcionando no Excel, não é assim na realidade). Com esta enviesada e absurda opção (a do OE-2013) desequilibra-se o ratio previsto. E para repô-lo restará – na perspectiva deste Governo - novos cortes na despesa, entenda-se, nas funções sociais do Estado. E assim sucessivamente.
Claro que este rodopio tem um limite. Quando se destruir o Estado. Nessa altura, Passos Coelho entrará para a história como o grande ‘anarco-liberal’ ou o neo ‘anarco-capitalista’ lusitano. Portugal será, a partir desta 'mudança coelhista', um País onde os mais fortes (o poder financeiro) com os mais 'espertos' (tipo Relvas) conseguirão conjugar-se para impor leis.  Já estivemos mais longe de ver esta trapalhada ser continuada e dolosamente 'tentada' em Portugal.
Em contrapartida, poderemos estar cada vez mais perto da indignação, da explosão, da revolta.
São estes os instáveis 'equilíbrios' que, daqui para a frente, estarão em jogo. Não tenhamos dúvidas.

Comentários

mas já não era assi no tempo do socratistão e no tempo da emaudio que até dispensavam trocos para afundações?

o camarada anda com problemas de memória tome fosfatex ou o que quer que receitava aos putos há 30 anos atrás...

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