O serôdio nacionalismo catalão
Divirjo da maioria dos amigos com quem convivo diariamente no que respeita à solidariedade com o golpismo secessionista catalão, porque o Governo autónomo funcionava com órgãos próprios e franca independência, em democracia, e não era a colónia reprimida, a precisar de autodeterminação.
O PP pode estar infiltrado, e está, por franquistas que o consulado de Aznar revalorizou, mas não manifestou qualquer intenção ditatorial e, muito menos, uma repressão que explicasse o surto insurrecional. Aliás, a instrumentalização independentista do principal clube de futebol, pelo seu presidente Laporta, bem como a do clero católico e a de caciques regionais, à direita do próprio PP de Rajoy, torna-se suspeita.
A proibição do referendo e os meios usados, são, de facto, um tique franquista para um ato nulo de consequências, que revela a tradição autoritária e degrada a convivência nacional, mas a insistência separatista é uma provocação gratuita. A independência que não vingou no séc. XVII, e facilitou a portuguesa, é hoje anacrónica na UE, ameaçada de fragmentação. O erro, ou crime, que permitiu a divisão da Jugoslávia, não pode ser estimulado, sob pena de fragmentar a Europa e de a relançar em guerras de fronteiras de dolorosa memória.
O inefável Arnaldo de Matos, ‘grande educador da classe operária’, já fez prova de vida com a manifestação de solidariedade do MRPP à independência catalã. Um apoio de peso!
O nacionalismo é o exagero doentio do bairrismo provinciano com desastrosas consequências. Uma parcela de um país não tem legitimidade para decidir pelo todo. A Catalunha não é uma colónia, não está sujeita à repressão do Governo central e até a língua, que só uma minoria de catalães falava e escrevia corretamente, pôde ser recuperada. E imposta!
A deriva secessionista catalã, onde ocorreram os Jogos Olímpicos, em Espanha, assemelha-se ao movimento “Canas de Senhorim a concelho”, na dimensão trágica de uma apoteose suicidária.
Nunca me ocorreu, tão a propósito, o poema do poeta português, curiosamente nascido em Barcelona, Reinaldo Ferreira:
RECEITA PARA FAZER UM HERÓI
Tome-se um homem,
Feito de nada, como nós,
E em tamanho natural.
Embeba-se-lhe a carne,
Lentamente,
Duma certeza aguda, irracional,
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois, perto do fim,
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim.
Serve-se morto.
(Reinaldo Ferreira, nascido em Barcelona, viveu a curta vida em Moçambique)
O PP pode estar infiltrado, e está, por franquistas que o consulado de Aznar revalorizou, mas não manifestou qualquer intenção ditatorial e, muito menos, uma repressão que explicasse o surto insurrecional. Aliás, a instrumentalização independentista do principal clube de futebol, pelo seu presidente Laporta, bem como a do clero católico e a de caciques regionais, à direita do próprio PP de Rajoy, torna-se suspeita.
A proibição do referendo e os meios usados, são, de facto, um tique franquista para um ato nulo de consequências, que revela a tradição autoritária e degrada a convivência nacional, mas a insistência separatista é uma provocação gratuita. A independência que não vingou no séc. XVII, e facilitou a portuguesa, é hoje anacrónica na UE, ameaçada de fragmentação. O erro, ou crime, que permitiu a divisão da Jugoslávia, não pode ser estimulado, sob pena de fragmentar a Europa e de a relançar em guerras de fronteiras de dolorosa memória.
O inefável Arnaldo de Matos, ‘grande educador da classe operária’, já fez prova de vida com a manifestação de solidariedade do MRPP à independência catalã. Um apoio de peso!
O nacionalismo é o exagero doentio do bairrismo provinciano com desastrosas consequências. Uma parcela de um país não tem legitimidade para decidir pelo todo. A Catalunha não é uma colónia, não está sujeita à repressão do Governo central e até a língua, que só uma minoria de catalães falava e escrevia corretamente, pôde ser recuperada. E imposta!
A deriva secessionista catalã, onde ocorreram os Jogos Olímpicos, em Espanha, assemelha-se ao movimento “Canas de Senhorim a concelho”, na dimensão trágica de uma apoteose suicidária.
Nunca me ocorreu, tão a propósito, o poema do poeta português, curiosamente nascido em Barcelona, Reinaldo Ferreira:
RECEITA PARA FAZER UM HERÓI
Tome-se um homem,
Feito de nada, como nós,
E em tamanho natural.
Embeba-se-lhe a carne,
Lentamente,
Duma certeza aguda, irracional,
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois, perto do fim,
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim.
Serve-se morto.
(Reinaldo Ferreira, nascido em Barcelona, viveu a curta vida em Moçambique)
Ponte Europa / Sorumbático
Comentários
R - A Constituição espanhola.