Ramalho Eanes referiu como trágica a descolonização em que «milhares de pessoas foram obrigadas a partir para um país que não era o seu». Tem razão o ex-PR cujo papel importante na democracia e o silêncio o agigantou depois da infeliz aventura por interposta esposa na criação do PRD e da adesão à Opus Dei, sempre por intermédio da devota e reacionaríssima consorte, que devolveu o agnóstico ao redil da Igreja. Eanes distinguiu-se no 25 de novembro, como Dinis de Almeida no 11 de março, ambos em obediência à cadeia de comando: Costa Gomes/Conselho da Revolução . Foi sob as ordens de Costa Gomes e de Vasco Lourenço, então governador militar de Lisboa, que, nesse dia, comandou no terreno as tropas da RML. Mereceu, por isso, ser candidato a PR indigitado pelo grupo dos 9 e apoiado pelo PS que, bem ou mal, foi o partido que promoveu a manifestação da Fonte Luminosa, atrás da qual se esconderam o PSD e o CDS. Foi nele que votei contra o patibular candidato do PSD/CDS, o general Soares...
Comentários
As campanhas eleitorais são (estão?) cada vez mais interessantes e divertidas.
O programa exposto por JL Zapatero no El País, um conjunto de medidas coerentes que visam aliviar os danos importados do "subprime" (sem os tentar ocultar), manter o crescimento económico, baixar os impostos e, destacar na agenda política (contra a vontadade da Direita e da Igreja) o problema das nacionalidades, foco gerador de violência física, instabilidade política e de danos materiais e morais... e, para desespero do Cardeal Rouco, desenvolver o Estado (Reino) laico.
Zapatero e o PSOE mostram como se pode fazer em pleno século XXI - política, honesta, eficiente e séria. Sem cair na tentação da vingança fácil e lutando pela conciliação nacional num País que há cerca de 7 decénios sofreu uma guerra civil.
Uma raridade, que merece ser saudada e louvada.
Deixemos este assunto. Por vezes assuntos importantes, reveladores da hombridade das pessoas, levam-nos para campos opostos...
A maioria dos partidos aproveita as campanhas eleitorais para fazer um complicado e longo exercício de malabarismo político que transcende a capacidade de absorção e digestão dos eleitores.
Algumas das campamnhas eleitorais estão repletas de episódios humorísticos (os partidos fora do "arco governamental"), outros de fantasia, com promessas e megalomanias paranóicas, mostrando como há pouco profissionalismo político e uma crónica desconsideração da inteligência dos cidadãos.
Muitas provocam terríveis infelicidades nas criancinhas que acreditam nas promessas...feito ao estilo do Pai Natal.
O programa do canal de televisão espanhol, a "Cuatro", resolveu legalizar-se e entrar na campanha eleitoral. A sigla foi: Há partidos sem programas, mas Noche Hace é um programa com partido...
Os partidos evitam este jornalismo, baseado no humor, no sarcasmo. na denúncia política e na exibição despudorada da decadência doutrinária dos políticos.
Um dos seus objectivos é:
"explicar aos espectadores as regras básicas dos comícios, ou como fazer promessas que nunca se vão cumprir, sem ter que para isso pagar um preço político".
Não há político que tolere que desmascarem a estratégia e estraguem o negócio. É como mostrar às escâncaras, o infantil truquezinho do ilusionista de circo que esconde a carta na manga...
Se não vejamos uma cena deste programa Noche Hache (é assim que se chama o programa da Cuatro).
No programa, em si, vangloriam-se, em tom jocoso, de copiar os aspectos mais interessantes dos programas dos outros partidos, desafiaram todos os líderes para debates - até agora, apenas aceitou o Ministro da Saúde - e pedem financiamento em directo.
"Podemos fazer tudo. Menos plantar árvores. É que o PP não nos deixou sementes", recordou, num programa recente, Castella, depois do anúncio do líder Popular, Mariano Rajoy, de que plantariam 500 milhões de árvores, se vencessem. "São 300 árvores por minuto, sem dormir nem comer, 24 horas por dia, durante quatro anos. Tantas árvores que os cães vão poder mijar com as duas pernas no ar, estilo Matrix...."
Maravilha!
Mas pior que plantar tantas arvores será escerever um livro, ou o suprasumo da venialidade criar uma prole de filhos.
O nosso País, nas legislativas para 2009 oferece tantas posssibilidades no campo das promessas, do ilusionismo, do despaupério, do desprezo pela cidadania...
Como, por exemplo:
- Ou, o pôr o TGV a circular por todo o País (Algarve, Minho, Trás-os-Montes, Beiras, Alentejo) e o preço para as famílias com filhos recém ao preço do carrrocel (um grande estímulo para o aumento da taxa de natalidade).
- descer, mensalmente, um ponto percentual no IVA e chegar ao fim do mandato com um IVA à volta dos
- 20 %! (dará "direito" a berços, suplementos lácteos e carrinhos articulados, quase à borla!)
- Ou, para não ficarmos atrás no campo da arborização, prometer transplantar o Pinhal de Leiria para o Algarve a fim de suster a desertificação e, com as madeiras, iniciar novo ciclo de Descobrimentos (do tipo da Cimeira UE-Africa, com Mugabe a deançar);
- é um manancial...
Então sobre os números de manifestantes num protesto em Espanha gerou um video do You Tube: (http://www.youtube.com/watch?v=xOuTNmgpPAU)
que põe a "chorar" de riso qualquer ouvinte de telenotícias...
[*] - Noche Hache é programa televisivo nocturno (fora de horas) para não causar danos maiores. A Late Show.
Por vezes, e apesar disso disso, atinge shares incríveis...
Ao fim e ao cabo, eles também são uma "espécie de magazine". Não é?