Momento de Poesia
A rapariga da blusa vermelha no Passeio Público
Ficava-lhe bem a blusa vermelha
com aquela saia rodada
a ondular-lhe ao vento
divertia-se, principalmente, nas tardes de domingo
que era o dia em que os homens de condição
desciam a avenida a passear a família
e ela gostava de quebrar aquelas composturas
os ares compenetrados dos maridos respeitáveis
de chapéu na cabeça, engravatados,
e escandalizar as pudicas esposas
de vestidos engomados…
E aquelas crianças, meu Deus,
pareciam de porcelana
alinhados ordeiramente
por idades ou por alturas
e até por sexo, por vezes,
e só houve uma, um dia,
de ar travesso e atrevido,
que saiu da formatura
para fazer-lhe uma careta
e, depois, chamar-lhe puta…
Alexandre de Castro
Ficava-lhe bem a blusa vermelha
com aquela saia rodada
a ondular-lhe ao vento
divertia-se, principalmente, nas tardes de domingo
que era o dia em que os homens de condição
desciam a avenida a passear a família
e ela gostava de quebrar aquelas composturas
os ares compenetrados dos maridos respeitáveis
de chapéu na cabeça, engravatados,
e escandalizar as pudicas esposas
de vestidos engomados…
E aquelas crianças, meu Deus,
pareciam de porcelana
alinhados ordeiramente
por idades ou por alturas
e até por sexo, por vezes,
e só houve uma, um dia,
de ar travesso e atrevido,
que saiu da formatura
para fazer-lhe uma careta
e, depois, chamar-lhe puta…
Alexandre de Castro
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