Ramalho Eanes referiu como trágica a descolonização em que «milhares de pessoas foram obrigadas a partir para um país que não era o seu». Tem razão o ex-PR cujo papel importante na democracia e o silêncio o agigantou depois da infeliz aventura por interposta esposa na criação do PRD e da adesão à Opus Dei, sempre por intermédio da devota e reacionaríssima consorte, que devolveu o agnóstico ao redil da Igreja. Eanes distinguiu-se no 25 de novembro, como Dinis de Almeida no 11 de março, ambos em obediência à cadeia de comando: Costa Gomes/Conselho da Revolução . Foi sob as ordens de Costa Gomes e de Vasco Lourenço, então governador militar de Lisboa, que, nesse dia, comandou no terreno as tropas da RML. Mereceu, por isso, ser candidato a PR indigitado pelo grupo dos 9 e apoiado pelo PS que, bem ou mal, foi o partido que promoveu a manifestação da Fonte Luminosa, atrás da qual se esconderam o PSD e o CDS. Foi nele que votei contra o patibular candidato do PSD/CDS, o general Soares...
Comentários
Na verdade, quase todo o País se interrogava sobre a situação desses senhores, vivendo tranquilamente no remanso do seus lares, principescamente indemnizados, impunes.
Este (inevitável) passo promovido pelo BdP é um desafio à eficiência da Justiça portuguesa.
Já não falo da prontidão porque, como toda a gente prevê, vamos ter de esperar pelas calendas gregas para conhecer o desfecho.
Tem, contudo, o mérito de aplacar a indignação que grassava pelo País.
A intrincada situação económica que se avizinha, pode, como já está a suceder na Grécia, provocar focos pontuais, ou generalizados, de crispação social que podem descambar em violência.
Medidas como esta vêm "arrefecer" as tensões sociais, se acaso, forem visíveis - em tempo útil - as consequências da prática de uma gestão danosa e forem punidos os especuladores.
A fraude recentemente detectada de especulção em pirâmide (tipo D. Branca) praticada pelo corretor norte-americano Bernard Madoff, que contagiou Bancos e Fundos, vem questionar com que tipo de gente, estamos a lidar e a confiar, quando depositamos as nossas economias nas, até há pouco tempo insuspeitas, instituições bancárias...
Mecanismos apertados e eficiêntes de regulação das instituições financeiras são urgentes, bem como o equacionamento dos mecanismos de alavancagem e o trânsito por offshores e paraísos fiscais.
A regulação e a fiscalização que existe, não satisfaz minimamente.
É necessário legislar, com urgência, rigor, competência e probidade, nesta área.