Antes das 11 horas da manhã, uma numerosa comitiva de polícias, militares da GNR, e alguns outros do Exército, tomaram posições em frente à Igreja de Santa Cruz. Bem ataviados esperavam a hora de deixarem a posição de pé e mergulharem de joelhos no interior do templo do mosteiro beneditino cuja reconstrução e redecoração por D. Manuel lhe deu uma incomparável beleza. Não era a beleza arquitetónica que os movia, era a organização preparada de um golpe de fé definido pelo calendário litúrgico da Igreja católica e decidido pelas hierarquias policiais e castrenses. Não foi uma homenagem a Marte que já foi o deus da guerra, foi um ato pio ao deus católico que também aprecia a exibição de uniformes e a devoção policial. No salazarismo, durante a guerra colonial, quando as pátrias dos outros eram também nossas, não havia batalhão que não levasse padre. Podia lá morrer-se sem um último sacramento!? Éramos o país onde os alimentos podiam chegar estragados, mas a alma teria de seguir lim...
Comentários
As negociações que decorrem entre o Governo português e a Administração americana para receber-mos alguns prisioneiros de Guantánamo, segundo transpirou, implicam a renúncia a proposição de qualquer acção contra os torturadores americanos, entre os quais, Dick Cheney, é um dos principais autores morais e cúmplice político, para não falar de G W Bush.
A verficarem-se estas condições, sem que haja prejuízo para os direitos humanos dos prisioneiros (quase todos de longa duração), todo o programa de acolhimento aos prisioneiros de Guantánamo deverá ser repensado.
Todos estamos de acordo que o TIC deve ter competência para julgar todo o tipo de crimes contra a Humanidade, sejam praticados por americanos, chineses ou zulus...
Não só tenta matar os amigos, como promove a tortura e a morte aos milhares entre os inimigos.
Acordos com essa gente... É para rir.
Ontem num programa na TV alemã foi abordado, com algum gracejo, essa "proposta de Portugal" de receber os presos de Guantanamo. O que quer o Governo? Tal como Barroso em 2003 - mas agora ao contrário - aparecer nos noticiários internacionais, ser falado nos debates políticos dos grandes países com condescendência e graça?
Claro que nos fica bem, e está de acordo com a nossa Constituição (art. 7.º):
"Portugal rege-se nas relações internacionais pelos
princípios da independência nacional, do respeito dos
direitos do homem, dos direitos dos povos, da igualdade
entre os Estados, da solução pacífica dos conflitos internacionais,
da não ingerência nos assuntos internos dos
outros Estados e da cooperação com todos os outros
povos para a emancipação e o progresso da humanidade."
Por outro lado, afirma o n.º 2 do art. 24.º2. Ninguém pode ser submetido a tortura, nem a tratos
ou penas cruéis, degradantes ou desumanos."
Fica bem ao Governo querer salvaguardar os direitos humanos dos prisioneiros.
Mas cuidado com esses negócios e esses acordos!