O PSD e o Estatuto dos Açores
A votação do PSD, a respeito de um diploma que poderia ter evitado a Cavaco a solidão e ao partido a vergonha, foi surrealista. O líder parlamentar, Paulo Rangel, afirmou na televisão (após duas votações por unanimidade) que o partido tinha uma posição firme – a abstenção.
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Recordou-me a história de um presidente da Câmara que, durante o salazarismo, andava atormentado por um amigo que, a certa altura, lhe virou as costas. Um dia encontrou-o e não o deixou escapar. Perguntou-lhe a razão por que tinha cortado relações, que lhe teria ele, presidente da Câmara, feito para o desfeitear. Respondeu-lhe o ex-amigo que bem sabia; que não sabia, ripostava o autarca; que lhe negou a construção da casa, retorquia o outro.
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Entre a queixa e a negação dos factos lá se dirigiram os dois à Câmara onde o presidente mandou que lhe levassem ao gabinete o processo de construção. Com as fotos de Tomás e Salazar à frente, o ex-amigo apontou o despacho, olha, cá está, Indeferido, queres negar, tendo o edil, ao ver a palavra indeferido, acrescentado uma vírgula e para que sim. O despacho ficou corrigido: Indeferido, para que sim, eliminando a falta de clareza.
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Foi o que fez o PSD na terceira votação do Estatuto dos Açores. Paulo Rangel e o seu grupo parlamentar, com duas excepções, abstiveram-se com firmeza… para que não.
Comentários
Se o PR voltar à carga, na mensagem de Ano Novo, mostra um grau de ressentimento de algum modo ao viés da normal vivência democrática.
Na verdade, a crise que se instalou, e vai progredir, preocupa mais os portugueses do que o Estatuto dos Açores.
Se bem me lembro ... a sua condição de economista poderia ajudar a governação do País.
Está na altura!