Bispos não vão à manifestação

Apesar de ninguém ser obrigado a casar com pessoas do mesmo sexo, são esperados numerosos participantes, desejosos de impedir que outros o possam fazer, no desfile de hoje, na Av. da Liberdade, em Lisboa.

Exercem um direito legítimo e indiscutível, além de ser a oportunidade para visitarem a capital com transporte pago, para os que aí rumam de dioceses tão longínquas como a de Bragança.

A Plataforma Cidadania e Casamento que convocou o protesto para as 15H00, com a ajuda de 19 comités regionais, teve a bênção eclesiástica e a divulgação da homofobia percorreu todas as paróquias de Portugal. A manifestação teve apelos nas homilias, nos confessionários e na comunicação social, mas é desolador saber que apenas alguns padres, a quem é vedada a interrupção do celibato, integram a manifestação.

Em Espanha foi diferente. Cardeais e bispos misturaram-se com as sotainas do baixo clero e os vestidos luxuosos da alta sociedade num êxtase de raiva beata e de ódio santo. Em Portugal nem uma só mitra indica o caminho da revolta, nem um só báculo marca o passo desde o Paço à Avenida, nem um único anelão com ametista se exibe aos beiços ansiosos dos devotos.

A Conferência Episcopal aplaude a iniciativa mas recusa comprometer os bispos – esses especialistas em moral familiar – nas vicissitudes da manifestação de êxito incerto e sem apoio divino. As próprias condições meteorológicas podem trocar a devoção pia pelo aconchego dos cafés e das bebidas quentes. Só o Papa se alegra com as intenções.

O céu pode esperar.

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