A Trilogia da(s) Verdade(s)
O 1º. Ministro, José Sócrates, hoje, numa formal comunicação ao País, tentou resumir (....ou reduzir) os últimos tempos de uma surda e larvar crise política a três (3) sucintas verdades:
A 1ª. verdade serviu para sublinhar que, nem ele, nem o Governo, deram qualquer orientação à PT para adquirir órgãos de comunicação pessoal.
Esta subtil distinção entre “ele”, e o Governo, mostra como o desenrolar deste processo de crise poderá ter sido fragmentado e de seguida misturado.
Na verdade, muito do que alguma Imprensa publicou nos últimos tempos, refere-se à actuação pessoal de José Sócrates e de alguns socialistas de um dos seus inner circle's, portanto, ligados por relações pessoais e/ou partidárias, neste caso, com responsabilidades de representação do Estado em empresas onde existem interesses públicos.
O Governo, enquanto órgão colectivo, não foi consistentemente apontado como influenciador da liberdade de Imprensa, através de tentativas de controlo de meios de comunicação social, seja por intermédio da PT, ou de qualquer outro meio de pressão, e muito menos, de qualquer acto condicionador da liberdade de expressão que, na verdade, desfrutamos.
Assim, a transferência de problemas inerentes a Sócrates e/ou a um círculo de socialistas próximos das suas relações pessoais, para a área governativa é, pura e simplesmente, uma escapatória de diversão.
Quando muito este caso é, em primeiro lugar, um problema interno do PS. Neste sentido não foi inocente a mudança de local para a anunciada “comunicação ao País” da antecâmara da reunião com o grupo parlamentar para a residência oficial do 1º. Ministro.
A 2ª. verdade é mais complexa. A considerada (por J Sócrates) falsidade de que, à data da 1º. comunicação pública na AR, sobre seu estádio (ou nível) de informação relativo a uma eventual intenção da PT de adquirir a TVI, parece padecer do vício formal que faz desviar o peso das responsabilidades para ocasionais (ou negligentes) omissões burocráticas. Provavelmente, a PT não comunicou oficialmente ao Governo a intenção de adquirir numa operação de mercado a TVI. Nem sei se tinha de o fazer, pelo menos, no que diz respeito ao Ministério da tutela.
Mas, nunca foi desmentido o que o presidente da PT revelou. Isto é, que na véspera do debate na AR, tinha informado – no decurso de um jantar – que esse “negócio” estava encerrado e não se realizaria.
No dia seguinte, o 1º. Ministro, perante os deputados, declarou, liminarmente, desconhecer esse assunto.
Hoje, pressupõe-se que conhecia as intenções (passadas?) da PT - informalmente, como se tornou óbvio - donde a aposta na chancela de falsidade, pode transformar-se numa figura de retórica.
Todavia, esta é, reconheça-se, a parte visível da sua comunicação que, directamente, envolve a prestação de contas por parte do Governo na AR. Aqui, ao contrário da 1ª. verdade, existe um problema de governação e não uma questão partidária.
A 3º. verdade foi o mero repisar de situações relativas ao Estado de Direito e ao funcionamento da Justiça, onde o “segredo de justiça”, para este caso, como para muitos outros, não funcionou. Foi, podemos dizer, o corroborar das afirmações tecidas sobre estes recorrentes problemas explanadas, há poucos dias, pelo PGR.
Não é o primeiro caso mediático onde observamos aquilo que Sócrates chamou: “a divulgação criminosa de escutas”. Para não ir mais longe bastaria que o indigando 1º. Ministro tivesse visionado, umas semanas atrás, o YouTube…
De qualquer modo, esta comunicação ao País – parte urdida como 1º. Ministro, outra como Secretário-Geral do PS – continua a padecer de alguns pecadilhos: pretendeu ser muito taxativa mas tornou-se pouco clara e, como muita gente vinha afirmando foi, manifestamente, tardia.
E sofreu de uma intolerável inquinação: misturar, no mesmo saco, Governo e PS.
Mas a intenção de comunicar, em inegáveis e convulsivos momentos de crise, é um importante passo para o desanuviamento do clima político, de que tanto necessitamos.
É que na vida (…como diria Guterres) convivemos, a par e passo, com três verdades:
- a minha, a sua e a verdade...
A 1ª. verdade serviu para sublinhar que, nem ele, nem o Governo, deram qualquer orientação à PT para adquirir órgãos de comunicação pessoal.
Esta subtil distinção entre “ele”, e o Governo, mostra como o desenrolar deste processo de crise poderá ter sido fragmentado e de seguida misturado.
Na verdade, muito do que alguma Imprensa publicou nos últimos tempos, refere-se à actuação pessoal de José Sócrates e de alguns socialistas de um dos seus inner circle's, portanto, ligados por relações pessoais e/ou partidárias, neste caso, com responsabilidades de representação do Estado em empresas onde existem interesses públicos.
O Governo, enquanto órgão colectivo, não foi consistentemente apontado como influenciador da liberdade de Imprensa, através de tentativas de controlo de meios de comunicação social, seja por intermédio da PT, ou de qualquer outro meio de pressão, e muito menos, de qualquer acto condicionador da liberdade de expressão que, na verdade, desfrutamos.
Assim, a transferência de problemas inerentes a Sócrates e/ou a um círculo de socialistas próximos das suas relações pessoais, para a área governativa é, pura e simplesmente, uma escapatória de diversão.
Quando muito este caso é, em primeiro lugar, um problema interno do PS. Neste sentido não foi inocente a mudança de local para a anunciada “comunicação ao País” da antecâmara da reunião com o grupo parlamentar para a residência oficial do 1º. Ministro.
A 2ª. verdade é mais complexa. A considerada (por J Sócrates) falsidade de que, à data da 1º. comunicação pública na AR, sobre seu estádio (ou nível) de informação relativo a uma eventual intenção da PT de adquirir a TVI, parece padecer do vício formal que faz desviar o peso das responsabilidades para ocasionais (ou negligentes) omissões burocráticas. Provavelmente, a PT não comunicou oficialmente ao Governo a intenção de adquirir numa operação de mercado a TVI. Nem sei se tinha de o fazer, pelo menos, no que diz respeito ao Ministério da tutela.
Mas, nunca foi desmentido o que o presidente da PT revelou. Isto é, que na véspera do debate na AR, tinha informado – no decurso de um jantar – que esse “negócio” estava encerrado e não se realizaria.
No dia seguinte, o 1º. Ministro, perante os deputados, declarou, liminarmente, desconhecer esse assunto.
Hoje, pressupõe-se que conhecia as intenções (passadas?) da PT - informalmente, como se tornou óbvio - donde a aposta na chancela de falsidade, pode transformar-se numa figura de retórica.
Todavia, esta é, reconheça-se, a parte visível da sua comunicação que, directamente, envolve a prestação de contas por parte do Governo na AR. Aqui, ao contrário da 1ª. verdade, existe um problema de governação e não uma questão partidária.
A 3º. verdade foi o mero repisar de situações relativas ao Estado de Direito e ao funcionamento da Justiça, onde o “segredo de justiça”, para este caso, como para muitos outros, não funcionou. Foi, podemos dizer, o corroborar das afirmações tecidas sobre estes recorrentes problemas explanadas, há poucos dias, pelo PGR.
Não é o primeiro caso mediático onde observamos aquilo que Sócrates chamou: “a divulgação criminosa de escutas”. Para não ir mais longe bastaria que o indigando 1º. Ministro tivesse visionado, umas semanas atrás, o YouTube…
De qualquer modo, esta comunicação ao País – parte urdida como 1º. Ministro, outra como Secretário-Geral do PS – continua a padecer de alguns pecadilhos: pretendeu ser muito taxativa mas tornou-se pouco clara e, como muita gente vinha afirmando foi, manifestamente, tardia.
E sofreu de uma intolerável inquinação: misturar, no mesmo saco, Governo e PS.
Mas a intenção de comunicar, em inegáveis e convulsivos momentos de crise, é um importante passo para o desanuviamento do clima político, de que tanto necessitamos.
É que na vida (…como diria Guterres) convivemos, a par e passo, com três verdades:
- a minha, a sua e a verdade...
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