Luxúria grega

Ferreira Fernandes, na sua crónica do DN, interroga-se "a que título (o alemão) Walter, de 67 anos, paga com o seu trabalho a aposentação de Konstantinos (grego), de 61". Para além destes luxos gregos, há um autêntico poço sem fundo, um sorvedouro de dinheiro, para o qual aparentemente os políticos gregos e europeus adoptam a política da avestruz: enterrar a cabeça na areia: as forças armadas gregas. O quinto maior exército da Europa consome 4,30% do PIB grego, sendo que a Grécia é o país da UE que mais gasta em defesa (26º do mundo). 4,30% correspondem a um terço do déficit orçamental grego, e ao dobro da depesa com a defesa em Portugal e na mediana dos países da UE.

Estas forças armadas sobredimensionadas não correspondem a qualquer necessidade objectiva para assegurar a sua defesa e soberania: entre os seus vizinhos apenas a Macedónia não está integrada na NATO, e apenas porque a Grécia bloqueou a sua adesão na Cimeira de Bucareste, e é fácil chegar à conclusão que as forças armadas macedónias não oferecem qualquer ameaça à soberania grega. Se existem atritos com os países vizinhos, nomeadamente com a Turquia (que está na NATO), tal deve-se à política externa nacionalista paranóica e musculada de Atenas.

Porque não exigir à Grécia, entre outras medidas de controle financeiro, o redimensionamento das suas forças armadas bem como uma política séria e de boa fé de vizinhança? Porque haverão de ser os contribuintes europeus, como o Sr. Walther, a pagar as baterias de mísseis apontadas à Turquia, para servir a arrogância bélico-nacionalista dos políticos gregos e a barriga bem alimentada dos seus generais que nunca viram um campo de batalha para além do da "taverna" e da garrafa de ouzo?