Liderança do PSD - as jactâncias do Dr. Rangel...

Hoje, o Dr. Paulo Rangel anunciou a sua candidatura a líder do PSD.
Fê-la, pomposamente e cadenciadamente, sob o signo da RUPTURA.

Quer – a todo o transe - ser um homem de ruptura como, segundo a sua estulta opinião, teriam sido alguns dos seus antecessores.

Aparece tão ensombrado pela tentação de provocar rupturas que até a sua tez sebosa e reflectora de um brilho gorduroso, quase lhe confere a aura de um celestial arcanjo da Renascença, acabado de chegar de Estrasburgo. Nas histórias que nos contavam, há muitos anos, os neófitos vinham de Paris. Agora, chegam de paragens um pouco mais a Leste - de Estrasburgo. Tanto faz, ambas são histórias de embalar…

Num sistema democrático as rupturas são, em geral, uma anormalidade. Em democracia a evolução faz-se pela via reformista.
A ruptura é um salto qualitativo. As rupturas, em termos políticos, são Revoluções.

Mas voltemos ao Dr. Paulo Rangel. Quer romper com tudo e todos que acabará por “romper” consigo próprio e perderá o seu ar de domador de animais de circo.
Ao ouvi-lo, desperta-nos a curiosidade como romperá internamente com o multifacetado círculo de barões, à frente dos quais, estará Aníbal Cavaco Silva.

Enunciou diversas fases do processo democrático, tomando-as como se fossem rupturas.
Não eram. Foram, simplesmente, etapas do processo pós-25 de Abril, em evolução e sedimentação. Foram, também, as inevitáveis entorses e os desvios ao espírito de Abril.

Porque, o Dr. Paulo Rangel, esqueceu-se da verdadeira ruptura. O 25 de Abril de 1974.
Isto é, a fractura entre uma ditadura obsoleta e o nascimento de uma democracia. Na verdade, tinha de omiti-la. O PSD não estava lá. Nasceu depois…

Para um candidato a líder de um partido à beira do suicídio (onde ouvi isto?), parece-me que as confusões são demasiadas.
Em minha opinião, o Dr. Rangel confundiu o conceito de ruptura, com um prolongado e penoso interregno, no qual o prinicipal partido da Oposição foi uma caricatura democrática.
Não teria sido?