Acórdão do TC, aleivosias e indigências presidenciais…
Fotomontagem do Blog ‘nós na rede’ / JN link
Cavaco Silva, de visita oficial à Colômbia, ao que parece resolveu inaugurar a campanha eleitoral com vista à sua sucessão.
Aproveitou o ensejo de estar rodeado de jornalistas para elogiar o seu correligionário de partido Durão Barroso. link
Endossou-lhe os louros sobre uma hipotética preservação da imagem externa do País. Trata-se de mais uma visão oblíqua sobre o acórdão do Tribunal Constitucional. Na verdade, em todo este processo, não podemos deixar de realçar a posição comum entre a Comissão Europeia (presidida por Barroso) e a posição da Alemanha (veiculada por Schauble). De facto, a posição mais chocante sobre o processo em análise pode traduzir-se na seguinte notícia: “A Alemanha e a Comissão Europeia avisam que Portugal tem de apresentar medidas alternativas depois do chumbo do Tribunal Constitucional e alertam mesmo que o país pode ficar sem os 2 mil milhões de euros da próxima tranche do empréstimo” link.
Enfim, segundo o que parece legítimo entender-se Cavaco Silva ‘passou-se’ e desatou agradecer publicamente a chantagem com que o directório político europeu resolveu alvejar o País (...à volta da ‘tranche’).
Não vamos chamar a terreiro o público juramento de Cavaco na defesa da Constituição. Mas o distanciamento de Cavaco em relação ao acórdão (que respondeu a dúvidas constitucionais suas) e a peregrina bênção urbi et orbi que quis (ou acedeu) outorgar a um Governo desorientado e incapaz de elaborar um OE sem violar a CRP, retirou-lhe qualquer espaço de manobra no âmbito futuro da política nacional. De modo que, neste prisma, é compreensível a pressa em arranjar um sucessor promovendo, à toa e insensatamente, Durão Barroso.
Nada de politicamente relevante, excepto a demissão do Presidente da República do seu papel constitucional e o aproveitamento partidário que pretende tirar dos seus majestáticos silêncios bruscamente interrompidos por aleivosias.
Os portugueses não esperam atitudes isentas nem posturas de índole republicana vindas de Belém. Nem sequer o mínimo ‘pudor político’.
Sabem que o Presidente ligou irremediavelmente o seu destino a este Governo, sendo legítimo pensar que não tem condições políticas para lhe sobreviver se acaso este Governo cair. Foi deste modo tão ingénuo, fatal e indigente que Cavaco Silva desbaratou o peso do voto popular confiado em Janeiro de 2011. A indigência política é tão aviltante como a maldade e a vingança.
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