Até quando, enfim, ó Passos Coelho, abusarás da nossa paciência?
A Pátria anda descoroçoada com o que fez ao voto nas duas últimas eleições. Maldiz a reincidência no PR de quem esperava a sensatez da idade e a confiança no PM de quem esperava um destino de acordo com as promessas.
O primeiro atolou-se no ódio e ressentimento, convicto de uma honestidade suficiente para duas vidas, e o segundo estatelou-se na impreparação para o cargo e na deficiente cultura democrática.
O PR é filho da boa fé do povo e o PM dos interesses dos poderosos. Um subiu a vida a pulso e manha e o outro foi levado ao colo. Quando o velho slogan de Sá Carneiro «um presidente, uma maioria e um governo» se tornou realidade, a direita exultou. O sonho, ferido pela conjuntura internacional e pela mediocridade dos líderes europeus dos países mais ricos, tornou-se em pesadelo.
O PR, preocupado com as contas ao fim do mês, esqueceu as contas que deve ao país e o PM, sem saber o que fazer com o cargo que lhe caiu no regaço, comporta-se como sói acontecer com ineptos e ignaros, tornou-se vingativo, raivoso e intolerante.
Passos Coelho não aprendeu nada com Cavaco que, desde ontem, passou a representar o Governo de sua iniciativa. Não percebeu o prejuízo que lhe causou o caso das escutas, o dano que a casa da Coelha acarretou à sua imagem e o desprezo que o discurso da posse do segundo mandato, pejado de ódio e ressentimento, lhe trouxe.
Em vez de pedir desculpa ao País pela reincidência no Orçamento inconstitucional, em vez de se penitenciar da chantagem que fez sobre o TC, em vez de anunciar um projeto para reparar o erro clamoroso, embirrou com o tribunal, queixou-se da independência judicial e ameaçou a Pátria com o reforço da vingança na saúde, educação e segurança social, depois de ter ido a Belém choramingar.
Isto não é um primeiro-ministro, é um mastim esfaimado que urge açaimar antes de nos ferrar as canelas. É um homem vulgar, de cabeça perdida, se acaso a tinha, à espera dos recados de Belém donde só os pastéis, da proximidade, são de confiança.
É um perigo para a Pátria o ex-colador de cartazes a quem deram a equivalência a PM.
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