Angola – eleições (2)
A supremacia esmagadora do MPLA sobre a UNITA, com o desaparecimento de pequenos partidos, ultrapassou as expectativas do Governo de Luanda.
O resultado foi pacífico, justo e honesto, de acordo com insuspeitos analistas internacionais.
Cabe agora a José Eduardo dos Santos ser comedido no mandato que lhe foi conferido e pôr cobro à corrupção, como prometeu.
Daqui a quatro anos haverá de novo eleições.
O resultado foi pacífico, justo e honesto, de acordo com insuspeitos analistas internacionais.
Cabe agora a José Eduardo dos Santos ser comedido no mandato que lhe foi conferido e pôr cobro à corrupção, como prometeu.
Daqui a quatro anos haverá de novo eleições.
Comentários
Bem, o que se pode concluir foi que um exercício do poder pelo MPLA, a longo termo acabou por colonizar políticamente (ou por corrupção) as outras franjas partidárias, incorporando-as nos suas fileiras, tornando-o, cada vez, mais hegemónico.
As eleições foram, como se dizia no tempo do colonialismo, um passeio pela Avenida Marginal e depois ir beber um copo à Ilha.
A UNITA, teve as eleições na pior altura do seu percurso, desde a morte do seu fundador. A data de realização reclamada há muitos anos pela UNITA e outros partidos ,só agora, foi satisfeita. Enfraquecidas, com perda de influência em relação à actual situação, vão ser, concerteza, atraidas, pelo "sindroma da borboleta" em relação à luz, esvoaçando à volta do poder, enquanto as crises de direcção vão continuar.
Quanto a governar para o povo e retirá-lo da fome, julgo que quer o petroleo, quer os diamantes, quer o ouro, não foram recentes descobertas. A redistribuição deste enorme rendimento pela população, criando mecanismos que proporcionem, para os cidadãos, um retorno social importante e de inclusão, não foi feita, nem tentada.
E não foi feita porque o dinheiro desapareceu nos meandros da corrupção, essencialmente à volta do poder político.
Eduardo dos Santos, nesta disputa eleitoral, que acabou por recompensar o MPLA, essencialmente pela intimidação que o bordão do poder representa em África, não pode ser jogador e árbitro ao mesmo tempo.
E, sejamos claros. As denunciam de corrupção e de "negociatas" que chegam ao exterior, ou que foram praticadas com a conivência do Exterior (França, p. exº.) envolvem Eduardo dos Santos, ou a sua família, e não serão investigadas ou punidas, nem têm nenhum motivo para parar.
Os resultados deste fim de semana contêm um forte potencial para incentivar a corrupção de Estado.
Uma espécie de terrorismo económico, o nascer de um neocolonialismo interno , inicialmente indigena, mas agora ligado traficância internacional, que usa e abusa do assalto às fontes de riqueza, ao tesouro nacional, enquanto à volta vegetam milhares de famintos.
Esperemos que, deixem de existir justificações para não realizar, periodicamente, eleições.
E que seja alimentado um amplo espaço de liberdade para que seja possível criar, no futuro, alternativas democráticas a esta situação que sirvam um povo nascido num País próspero e com capacidade de o tornar economicamente e tecnicamente sustentável, saudável, culto, etc...
O meu receio - o que não desejava- é que tendo ganho o MPLA essa vitória possa - para muitos - ser chegada e permanência da pobreza, da fome e do subdesenvolvimento. Angola todos os dias expolia as suas riquezas, nomeadamente atravès da venda de matérias primas preciosas. Estas transacções fazem o dinheiro entrar a "rodos". Poucos beneficiam.
Esperemos que Angola, não seja vitima do dinheiro que entra e desaparece, não perca a sua identidade e acabe denominada por uma clique do novo-riquismo de que já observamos alguns indícios...