Touros de morte e tradição
O foral de Barrancos é um anacronismo que pôs fim ao folclore mediático que levava forasteiros e provocadores ao paupérrimo concelho alentejano. Com um golpe de rins tentou pôr-se cobro ao desafio à lei e justificar, com a tradição, um acto bárbaro. Foi uma decisão que desonrou quem a subscreveu.
Os touros de morte, tal como a luta dos galos, cães e outros espectáculos de violência, que estimulam a crueldade e põem em delírio indivíduos que encontram aí a forma de fazerem a catarse das suas frustrações, são um sinal de atraso civilizacional e um mau sintoma da saúde cívica de um povo.
A tradição é o argumento mais abominável que pode ser invocado. Desde as lapidações e vergastadas que ainda hoje se aplicam sob os auspícios do Corão até às agressões nos lares cristãos e à pena de morte mantida com zelo evangélico nos EUA, todas as abjecções se podem defender em nome da tradição.
A euforia com que na Idade Média se aguardavam os churrascos de bruxas e hereges ou o entusiasmo com que se compravam escravos, dá-nos ideia dos sentimentos perversos que a civilização dominou.
A morte do touro em Monsaraz, uma reedição da farsa de Barrancos, é sintoma do atraso da população, mais medieval do que a encantadora vila alentejana.
Condescender com espectáculos bárbaros, estimular ou, simplesmente, ignorar o desafio à lei, é ser cúmplice da manutenção de tradições que nos envergonham como povo e nos aviltam como cidadãos.
Perante a reincidência destes espectáculos boçais e marialvas recordo-me sempre do turista que viu um indivíduo, antes da tourada, a serrar os cornos a um touro e que lhe perguntou: «também gostava que lhe fizessem o mesmo»?
Os touros de morte, tal como a luta dos galos, cães e outros espectáculos de violência, que estimulam a crueldade e põem em delírio indivíduos que encontram aí a forma de fazerem a catarse das suas frustrações, são um sinal de atraso civilizacional e um mau sintoma da saúde cívica de um povo.
A tradição é o argumento mais abominável que pode ser invocado. Desde as lapidações e vergastadas que ainda hoje se aplicam sob os auspícios do Corão até às agressões nos lares cristãos e à pena de morte mantida com zelo evangélico nos EUA, todas as abjecções se podem defender em nome da tradição.
A euforia com que na Idade Média se aguardavam os churrascos de bruxas e hereges ou o entusiasmo com que se compravam escravos, dá-nos ideia dos sentimentos perversos que a civilização dominou.
A morte do touro em Monsaraz, uma reedição da farsa de Barrancos, é sintoma do atraso da população, mais medieval do que a encantadora vila alentejana.
Condescender com espectáculos bárbaros, estimular ou, simplesmente, ignorar o desafio à lei, é ser cúmplice da manutenção de tradições que nos envergonham como povo e nos aviltam como cidadãos.
Perante a reincidência destes espectáculos boçais e marialvas recordo-me sempre do turista que viu um indivíduo, antes da tourada, a serrar os cornos a um touro e que lhe perguntou: «também gostava que lhe fizessem o mesmo»?
Comentários
Concordo.
Já quanto ao hmicídio/aborto, a Vida de uma criancinha indefesa vale menos do que a do touro.
Estarei errado?
Mas quem é que vc conhece que seja a favor do aborto?
Quem usa um pseudónimo tão cheio de conotações judaico/cristâs devia ser um bocadinho mais honesto nos argumentos, digo eu!
Ter uma legislação que criminalize a prática do aborto clandestino tem alguma coisa a ver com a mortede um animal por prazer d ematar?
A tortura a que é sujeito um animal nobre como um toiro, não é arte nem cultura! É tortura!
Chamar a esta questão a Lei sobre a IVG é uma falta de honestidade intelectual que ombreia com o subjacente apoio às touradas.
E então em Portugal, onde se enraizou a forma mais classista e traiçoeira de torturar um animal, é uma vergonha que alguém que se diz pai de família, não tenha escrúpulos em escancarar a sua bestialidade.
MFerrer
Quanto aos touros de morte, sempre achei que isso era uma barbaridade, mesmo sendo "tradição". E a barbaridade está não só naqueles que têm prazer em matar o touro, mas sobretudo naqueles que têm prazer, que se deslocam, que gastam tempo e dinheiro para ver matar um animal, e exultam com essa morte.
Se é uma "tradição", acabe-se com ela. A civilização tem vindo a ser construída sobre as ruínas das "tradições".