EUA - Fúria nacionalizadora
A AIG conseguiu escapar à falência, mas vai ficar praticamente nacionalizada. O banco central norte-americano anunciou que vai fazer um empréstimo que poderá chegar aos 85 mil milhões de dólares e vai receber uma participação de 79,9 por cento do capital do maior grupo de seguradoras dos Estados Unidos.
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Comentário: Bush já nacionalizou mais activos financeiros na última semana do que todos os Governos da América do Sul nos últimos anos.
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Apostila: Será Bush um gonçalvista?
Comentários
Uma crise bancária e de seguradoras implicadas na especulação imobiliária que "rebentou" nos EUA estava, desde há 1 ano, prevista.
Nessa altura, as falências eram uma hipótese remota. O mercado ia regular tudo!
Hoje, as falências são artificialmente evitadas…para contornar o pior. Isto é, a recessão.
Só que nessa altura – há 1 ano - ninguém supunha que a Federal Reserve (Fed) pudesse intervir no mercado, utilizando um sistema proscrito nos EUA.
"Nacionalizações", encapotadas sob o nome de injecção de capitais.
Nos EUA o stablishment político vive de braço dado com o financeiro. A política de Washington (leia-se de G.W. Bush) ideologicamente (estamos a falar dos neo-cons) não aceitava qualquer regulamentação dos mercados. Deixou-os andar à deriva até ao ponto de ruptura.
O problema financeiro dos EUA não é de liquidez. O Fed garante isso nem que tenha de recorrer à impressão continuada de dólares…
O problema é de solvência – balanços encobertos, elevadas operações de risco, desvio de capitais para off-shores, etc.
A depressão económica da década de 30 veio demonstrar a necessidade da regulamentação dos mercados apara evitar desonestidades e da falta de escrúpulos.
Os neo-cons têm ocupado o tempo a desregulá-lo, por acharem essa medida desnecessária.
A teoria é: o mercado regula-se a si próprio!
As próximas semanas parecem ser decisivas quanto à saúde dos pilares do sistema financeiro: os bancos e outras instituições de crédito bancário e hipotecário.
O próprio sistema público/ privado da Federal Reserve poderá estar ameaçado com esta crise. Na verdade, no seu interior existem insanáveis conflitos de interesses nomeadamente entre o Estado, as Empresas e o contribuinte.
Nos dias que correm, o Mundo assiste ao Fed a privatizar lucros e nacionalizar perdas...
Na verdade, o que se está a passar é uma ignóbil transferência de capitais da população da classe média tradicionalmente aforradora, dos aposentados que vivem asceticamente, das pequenas empresas familiares para os grandes Bancos, verdadeiras alavancas desta crise. Estes, dpois, canalizam-nas para os seus credores.
Interessante circuito de expoliação dos fracos e “remediados” pelo grande capital financeiro e segurador.
Só não se percebe porque este assunto ainda não entrou, em força, na campanha presidencial .
Será que Obama e McCain não têm posições diferentes sobre isto?
Porque se está a adiar o debate?
Obrigado pelo reparo e correcção.
Freud explicaria o lapso?
Informo os leitores de que vou corrigir o título.