Os neoliberalistas com as calças na mão

WASHINGTON – Depois de um fim-de-semana de negociações, o Congresso dos Estados Unidos conseguiu chegar a um acordo sobre o pacote de socorro do governo ao mercado financeiro.

Comentário: Não há quaisquer garantias de que a crise financeira fique resolvida mas, para já, salvam-se os ricos da bancarrota.

Comentários

e-pá! disse…
A "BOLHA" GIGANTESCA

Os neoliberias, nesta crise financeira que aparentemente os ameaçava, venceram em toda a linha.
Evitaram a derrocada do sistema bancário e mantêm, mais ou menos incólume, o sagrado mercado.

Resta conhecer todas as cláusulas não financeiras do acordo.
Se há, ou não, medidas que combatam a especulação do crédito (no sector imobiliário e noutros ramos).
E, fundamental, se também se acordou numa firme e apertada regulação do mercado.

O acordo contempla algumas restrições que, como se afirma acima, não beliscam -directamente - o funcionamento mercado.
Henry Paulson, Secretário do Tesouro, não é senhor e dono deste mega empréstimo que, segundo o entendimento do Congresso, será libertado às fracções. Parte dele pode até ser suprimido se a "operação de resgate" não der os resultados esperados.
O acordo financeiro conseguido no Congresso estabelece um conselho de supervisão do programa, que incluirá o presidente do Federal Reserve (FED, o banco central americano), Ben Bernanke, e o presidente da Securities and Exchange Commission (SEC, comissão de valores mobiliários), Chris Cox, entre outros altos funcionários.

Os contribuinte "ganharam" muito menos do que a Banca: receberão direitos de compra de acções (warrants), e com isso beneficiarão no caso das empresas que beneficiarem desta "injecção" financeira, recuperarem.
Continuam, portanto, na "zona de alto risco".

Mas, os derrotados já se conhecem.
Há 340 mil americanos, em difícil situação económica ou no desemprego, que já perderam suas casas e 10 milhões que estão em risco de as perder.
De facto, há uma claúsula que confere ao secretário do Tesouro o poder de renegociar os termos das hipotecas adquiridas, para ajudar os proprietários de casas com problemas a pagar as dívidas, a fim de evitar o despejo de inquilino. Resta saber, qual a capacidade técnica de usar esta medida. Por isso 10 milhões de americanos continuam em risco de perderem as suas casas.

Finalmente, o Plano virou-se contra os vencimentos majestáticos dos directores das instituições envolvidas nesta tenebrosa manobra de especulação, que serão taxados com subidas de impostos.

Mas, G.W. Bush, afirma aos americanos que este esforço é para salvar a economia americana e que a prosperidade virá a caminho (não para todos, como sabemos).
Para já, esta afirmação do presidente é totalmente visionária. O que se salvou foram as instituições bancárias e hipotecárias da Wall Street.
O que vem a seguir é problemático.

Há, nesta resolução do Congresso, um grande dose de imaturidade política. Ninguém quis discutir as causas, nem analisar o sistema que permitiu este desastre para as famílias americanas.
O importante era salvar a pele da Banca e "fingir" que o sistema financeiro estava a funcionar na normalidade.
O esvaziamento da "bolha" imobiliária vai demorar muitos meses, senão anos.
O rebentamento de uma "bolha", reprime a inovação e prejudica outros sectores da economia. É isto que, G.W. Bush, não diz aos americanos e que Obama não denuncia.
A recuperação económica, mesmo que não haja recessão (o que não é certo), vai demorar.

Entretanto, o consumo continua a disparar de modo insensato nos EUA, o que pode provocar outras "bolhas".

Parte da crise, já foi endossada à Europa, embora até aqui mantenhamos uma atitude de espectativa.
O Banco Central Europeu mantem uma posição mais próxima da abulia interventiva. É incapaz de mudar o curso aos acontecimentos, através dos instrumentos que dispõe. As únicas intervenções foram sequenciais "injecções" de milhões de euros no mercado. De resto mexer em taxas de juro, etc., nada.

Mas a crise já está "plantada" na Europa. Há "nacionalizações" no Reino Unido, há consórcios bancários alemães a salvar um banco germânico, há o futuro da "Fortis" que continua nebuloso e obrigou à intervenção do chamado BENLUX, etc.

Temos de concluir que esta "bolha" é gigantesca... e esperar que a poeira assente.
Salvam-se os ricos...com o dinheiro dos pobres! É uma espécie de Robin dos Bosques ao contrário: rouba aos pobres para dar aos ricos.

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