O medo é mau conselheiro
Os mais empedernidos neoliberais vêem o seu universo ideológico desabar com o caos financeiro que ameaça o sistema bancário mundial. Para cúmulo da vergonha, é Bush quem fala em vigiar os mercados, ele que só gostava de vigiar ditadores com reservas petrolíferas e acreditava na bondade divina das bolsas de valores.
Os inveterados nostálgicos da URSS rejubilam com a crise dos mercados, felizes por verem a análise marxista confirmada com uma crise cíclica do capitalismo, que não se prevê como acaba, e o desmoronar da economia mundial e dos paradigmas actuais.
Não foi Marx, que não era profeta mas um economista estudioso, que criou um regime demente e pôs Estaline no poder. Foi o horror ao mercado e a fé irracional no Estado que criou uma perversidade de que os herdeiros tardam em pedir perdão.
Os países desenvolvidos e os em via de desenvolvimento estão aturdidos com o desastre económico e temem pelo futuro. As populações, desorientadas, não se conformam com a perda do poder de compra e votam em salvadores que lhes prometem o Paraíso.
Na América do Sul o centro de gravidade política desloca-se para a esquerda e procura soluções que já fracassaram, entregando o poder a populistas e demagogos, com Lula a ser um fiel da balança com inegável bom senso político e notável brilho.
Em África, a fome avança acompanhada da SIDA e os povos vivem o desespero a que um bando de corruptos os conduziu.
A Europa, que era um modelo de estabilidade e bom senso, vai-se entregando nas mãos de uma direita que navega entre a crença no liberalismo económico e a nostalgia de soluções musculadas.
Se a memória me não falha, só há três países onde permanecem governos de esquerda com tímidas soluções sociais-democratas que os mais duros esquerdistas acusam de responsáveis pela deriva direitista como se não fossem eles próprios os responsáveis pelos receios colectivistas que instintivamente transmitem às populações.
No Reino Unido, um dos três, só faltam as eleições para ser despedido, esquecido o eleitorado do que ficou a dever a Blair e de que os conservadores também foram cúmplices no crime do Iraque.
Há certa esquerda a rejubilar com o avanço da direita, como se o extremar de posições e o regresso a regimes autoritários facilitassem amanhãs que cantem. A moderação e a sensatez não são, definitivamente, a conduta espectável do eleitorado em situações de crise.
Haja esperança.
Os inveterados nostálgicos da URSS rejubilam com a crise dos mercados, felizes por verem a análise marxista confirmada com uma crise cíclica do capitalismo, que não se prevê como acaba, e o desmoronar da economia mundial e dos paradigmas actuais.
Não foi Marx, que não era profeta mas um economista estudioso, que criou um regime demente e pôs Estaline no poder. Foi o horror ao mercado e a fé irracional no Estado que criou uma perversidade de que os herdeiros tardam em pedir perdão.
Os países desenvolvidos e os em via de desenvolvimento estão aturdidos com o desastre económico e temem pelo futuro. As populações, desorientadas, não se conformam com a perda do poder de compra e votam em salvadores que lhes prometem o Paraíso.
Na América do Sul o centro de gravidade política desloca-se para a esquerda e procura soluções que já fracassaram, entregando o poder a populistas e demagogos, com Lula a ser um fiel da balança com inegável bom senso político e notável brilho.
Em África, a fome avança acompanhada da SIDA e os povos vivem o desespero a que um bando de corruptos os conduziu.
A Europa, que era um modelo de estabilidade e bom senso, vai-se entregando nas mãos de uma direita que navega entre a crença no liberalismo económico e a nostalgia de soluções musculadas.
Se a memória me não falha, só há três países onde permanecem governos de esquerda com tímidas soluções sociais-democratas que os mais duros esquerdistas acusam de responsáveis pela deriva direitista como se não fossem eles próprios os responsáveis pelos receios colectivistas que instintivamente transmitem às populações.
No Reino Unido, um dos três, só faltam as eleições para ser despedido, esquecido o eleitorado do que ficou a dever a Blair e de que os conservadores também foram cúmplices no crime do Iraque.
Há certa esquerda a rejubilar com o avanço da direita, como se o extremar de posições e o regresso a regimes autoritários facilitassem amanhãs que cantem. A moderação e a sensatez não são, definitivamente, a conduta espectável do eleitorado em situações de crise.
Haja esperança.
Comentários
conceda que 'acertámos', mesmo que não concorde que tenha sido pelos motivos que 'acreditamos' estarem na origem do problema.
afine é a pontaria e não se iniba de reconhecer que no espectro político onde tem maior afinidade, há muitos co-responsáveis pela macacada a que agora se assiste.
não me arrogo a dizer «bem que avisei», apenas me satisfaço com a corroboração da teoria pela realidade. e isto não me parece censurável, ainda para mais tendo consciência de que a crise vai chegar a quase todos. de fora ficam apenas os donos do crédito, após expropriarem (expoliarem) os seus clientes até ao tutano, por não pagarem divídas de empréstimos que esses Ladrões da banca concederam sem suporte material.
Dos regimes enfeudados à burocracia e ao planeamento do Estado na Economia, já só restam casos residuais, pelo que entraram no infindável armazém da História.
É passado.
O problema, agora, são os regimes enfeudados ao mercado "livre".
É essa situação politico-económica que terá de ser resolvida, caso contrário cairemos na "agiotagem", sob a batuta bancária e a inércia governamental.
Nos EUA não se verificou essa inércia porque tornou-se necessário "salvar" os banqueiros, a finança "pesada", enfim, as instituições bancárias, de crédito e de investimento.
Mas os devedores, os aforradores, as pessoas modestas, os integrantes da chamada "classe média", os reformados, ficaram sem casa, sem dinheiro, sem emprego e, ia a dizer, sem futuro.
Portanto, a "solução conservadora" que se desenha e descreve não vai resolver, nem valorizar, estas questões. As suas preocupações sociais são diminutas ou nulas.
A desagregação da classe média, o seu retrocesso, a sua agonia, não tem levado, históricamente, a direita ao poder, quando não conduziu ao fascismo?
Se a isto, acrescentar o preço do petróleo e dos bens alimentares é, perfeitamente, humano, ter medo.
Porque as soluções não estão à vista!
Não basta combater o "quanto pior melhor" com o argumento de que "para pior já basta assim".
Se a solução não for encontrada à esquerda, a direita aproveita e entra atrás do medo.
O mercado, dito e sublinhado, “livre”, não acabou, apesar da chorosa arenga de GW Bush, ontem, a implorar a redenção dos Bancos e outras instituições financeiras.
Este tipo de mercado que não é propriamente livre, mas desregulado, ad libidum, sempre serviu os interesses do capital.
Nos bons tempos, das “vacas gordas”, é possível defender e praticar a política do “laissez faire”. O Governo vira as costas e a especulação aparece.
Ora, a especulação que sempre existiu pode ultrapassar as dimensões toleráveis, alimentada pela ganância, dando origem às chamadas “bolhas”, prontas para estourar.
Aí, aparece de novo o Governo. Para o resgate dos especuladores.
Como?
Com o endividamento público! O seu volume será tão gigantesco que criará uma crise orçamental, esta sim, já global.
Que medidas provocam?
Profundos cortes na política social – é tradicional questionar o futuro da segurança social e das reformas – e, se houver crédito, privatizar sem regras nem escrúpulos.
E se a “bolha” rebenta?
Recua-se e o Estado intervém, à revelia da doutrina liberal. Compram-se com o dinheiro dos contribuintes os activos "tóxicos".
Assim se salvam as “corporações especulativas”.
E não se pode impedir que milhões de americanos sejam soterrados com execuções hipotecárias?
Não. Primeiro porque são muitos e dispersos. Depois a salvação do sistema está nas grandes corporações financeiras e de investimento.
O dinheiro e os bons investimentos é que fizeram a América.
Não vão mudar uma receita que sempre consideraram de sucesso.
O sistema é velho, mas resistente. É o liberalismo económico na sua dimensão imperial.
Depois de passada a tormenta aparece, novamente, o sagrado “mercado”. Primeiro, ligeiramente regulado. Depois, como a memória é curta, “livre”.
Quantas vezes estes ciclos podem ser repetidos?